A capital do Paraná é considerada referência na formação de novos cirurgiões bariátricos para o país e este número deverá crescer ainda mais. Isso porque, recentemente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu, por meio da resolução, a especialidade como área de atuação da medicina. A medida se deve aos resultados obtidos pela cirurgia bariátrica para o tratamento de saúde eficaz aos pacientes que precisam perder peso.

Com a medida, a intervenção cirúrgica passa a ser formalmente ligada às áreas de cirurgia geral e de cirurgia do aparelho digestivo. O objetivo é estabelecer parâmetros e aprimoramentos da prática médica e proporcionar mais segurança ao paciente. Anualmente no Brasil são realizadas cerca de 80 mil cirurgias bariátricas.

Para o cirurgião curitibano, Caetano Marchesini – membro da Federação Internacional de Cirurgia para Obesidade (IFSO), a inclusão da cirurgia como área de atuação é um passo fundamental para aumentar a segurança do procedimento que aponta crescimento em todo Brasil.

Este é o primeiro passo para que a cirurgia bariátrica se torne uma especialidade, declarou Marchesini. Ele explica, que a cirurgia bariátrica tem um processo técnico específico e que a regulamentação aumenta a qualificação do serviço prestado. Quem ganha com a qualificação dos médicos é o paciente, comenta.

Marchesini é o único cirurgião no Paraná que promove um curso de imersão sobre Cirurgia Bariátrica e Metabólica. São realizados cerca de quatro cursos por ano, com uma média de 100 participantes, entre cirurgiões brasileiros e da América Latina. O próximo curso já está marcado para o dia 01 de junho. Os participantes observarão 13 procedimentos de cirurgia bariátrica e metabólica no centro cirúrgico do Hospital Marcelino Champagnat, entre outras técnicas e temas.

Este trabalho demonstra a demanda existente no Brasil. Hoje somos referência na formação e aperfeiçoamento de novos cirurgiões nesta especialidade, devido ao crescente número de obesos, afirma Caetano Marchesini.

PESQUISAS ATESTAM MAIS OBESOS
A obesidade é hoje uma preocupação mundial, ainda mais diante do número de pessoas que estão com sobrepeso que aumenta consideravelmente a cada ano. Para que se tenha uma ideia, cerca de 250 milhões de pessoas no mundo apresentam sobrepeso ou obesidade. No Brasil, a obesidade atinge atualmente 40% da população.

No momento, o Brasil não possui médicos para atender todos os pacientes que sofrem dessa epidemia que se tornou a obesidade no Brasil e no mundo, alertou o cirurgião Caetano Marchesini.

Pesquisa divulgada na semana passada revela que o curitibano adulto tem descuidado da balança. Pesquisa do Ministério da Saúde, Vigitel 2014, mostra que na média, o morador da Capital subiu os índices de sobrepeso e de obesidade. O relatório divulgado ontem mostra que 54% da população adulta — com mais de 18 anos — está com excesso de peso, e 19% está com obesidade. Em 2012, os índices mostravam 51,6% e 16,3%, respectivamente. Os números de Curitiba estão acima da média nacional.

Quando comparado aos números de 2006, observa-se um crescente na condição do curitibano. Naquele ano, o sobrepeso tinha índice de 44,1% e o de obesidade 12,6%. Atualmente, 20% dos moradores adultos da Capital estavam com o colesterol alto e apenas 37% praticavam o recomendado de atividades físicas.


SAIBA MAIS

Existem três tipos básicos de cirurgias bariátricas.

– As cirurgias que apenas diminuem o tamanho do estômago, são chamadas do tipo restritivo (Banda Gástrica Ajustável, Gastroplastia vertical com bandagem ou cirurgia de Mason e a gastroplastia vertical em sleeve). A perda de peso se faz pela redução da ingestão de alimentos.

– Existem, também, as cirurgias mistas, nas quais há a redução do tamanho estomago e também um desvio do trânsito intestinal, havendo desta forma, além da redução da ingestão, diminuição da absorção dos alimentos. As cirurgias mistas podem ser predominantemente restritivas (derivação Gástrica com e sem anel) e predominantemente disabsortivas (derivações bileopancreáticas).

QUEM DEVE FAZER A CIRURGIA

– Tratamento para pacientes diagnosticados com obesidade no grau três.
– Pessoas com IMC acima de 35 Kg/m², que têm problemas de diabetes, hipertensão arterial e aumento de gorduras no sangue.
– Pacientes com IMC maior que 40 Kg/m².

Resultado
A cirurgia consiste em reduzir o tamanho do estômago e, consequentemente, a quantidade de alimentos a ser ingerida. Assim, o paciente perde cerca de 40% do peso total, no primeiro ano.