Paulo Autuori é um treinador de marca, de grife, com know how internacional. Muitos torcedores já me comentaram o fato de que ele não carrega em seu currículo uma carta de títulos importantes que justifiquem a sua contratação. Se o Autuori tivesse títulos em seu histórico nos últimos anos, seria um técnico muito caro e o Atlético não teria bala para contratá-lo. Este é um técnico inteligente, de conceito, que sabe o que fala, tem experiência para fazer um planejamento de longo prazo, assunto gritado à exaustão pelo goleiro Rogério Ceni, quando Autuori foi demitido do São Paulo em sua última passagem no tricolor. Ceni declarou que o técnico era muito importante para o desrespeito daquela demissão. Este é o retrato do futebol brasileiro, de resultados imediatos, onde a cada ano, um clube novo aparece e ergue a taça de Campeão e no próximo ano o seu técnico perde o emprego, logo depois do desmanche dos seus principais craques da seleção do campeonato. A culpa sempre recai sobre o técnico.

Um treinador como ele somente não sobrevive em clubes brasileiros, porque trabalhou em momentos conturbados destes clubes, como quando pegou a bucha que foi o Vasco. Clube que passava e passa por maus momentos há muito tempo. Este tipo de clube não cria clima para um trabalho a médio e longo prazo. Estes clubes precisam de treinadores que vem para apagar o incêndio, fazer trabalhos imediatos, livrar time de rebaixamento, tirar o time da crise, livrar a barra do presidente… Paulo Autuori tem o crédito de nenhum dos clubes brasileiros que o contratou ultimamente terem dado a ele a estrutura de time que visa ser campeão somente no fim do ano, com paciência, com trabalho pensado. Aí você pode me dizer que isto é a temática de todos os clubes brasileiros. Mas, aí é que entra a minha opinião defendendo a sua contratação. Paulo Autuori precisa de um clube para provar este conceito. E se o clube puder entender esta proposta, poderá crescer ainda mais, porque os clubes que em dado momento se dispuseram a segurar a barra da pressão de torcida em prol de projetos de longo prazo, vão colher frutos positivos.

Nos últimos 5 anos, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Sport, o próprio Coritiba de Marcelo Oliveira, foram clubes que tiveram a paciência de aguentar o tranco, bancar seus treinadores e seguir um planejamento. No São Paulo tiveram o disparate de queimar nomes como o do próprio Autuori, Muricy Ramalho, com suas faltas, pagando com a demissão as más administrações e falhas da diretoria, que estouram no lado mais fraco da corda. Um técnico não tem a segurança, pois enquanto um jogador tem contrato de 3 anos, um presidente um mandato de dois, um técnico geralmente assina até o fim do ano e muitas vezes sem multa.

O Claudinei Oliveira do Paraná Clube merece créditos neste início de temporada, porque teve os primeiros trinta dias de planejamento, pré-temporada e agora está em boa fase. Logo vão aparecer as derrotas e os dirigentes precisam ter a calma de bancar o técnico. Se aos primeiros resultados negativos e as vaias em cima do técnico resultarem em demissão, vamos ver a diferença de um trabalho com personalidade. O ex-presidente Vilson Ribeiro segurou o Marcelo Oliveira e colheu os frutos de fazer duas finais de Copa do Brasil. Quando o time enfraqueceu tecnicamente, a culpa caiu em cima do próprio Marcelo, que rapidamente foi mandado embora.

Mauro Mueller é apresentador do Show de Bola da Rede Massa, radialista e ator