RODOLFO VIANA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com cerca de 7.500 habitantes, Ilha da Maré, na Nova Caledônia, arquipélago anexo da França na Oceania, tem menos gente que Marsilac, o menos populoso distrito da cidade de São Paulo.
É nesta comunidade oriental pouco conhecida nos lados de cá do meridiano de Greenwich que o engenheiro de som Gustavo Sandes e o produtor audiovisual Daniel Corrêa Lima decidiram empreender um novo projeto: gravar um disco com as canções locais e produzir um documentário na ilha de Maré.
Independente e com apoio da Associação Nengone Town, fundada pelo chefe das tribos da ilha de Maré, Dokucas Naisseline, o projeto “Nengone All Stars” começa neste mês e apresentará 11 tribos de Maré – uma faixa para cada tribo – e ainda uma faixa bônus com um coral.
Sandes, que já vive em Nouméa, maior ilha do arquipélago, trabalha no mercado musical da Melanésia há três anos. Em uma conversa com o chefe Naisseline, soube da dificuldade que artistas de música tradicional kanak tinham para gravar suas composições e serem pagos de forma justa por isso.
Surgiu então a ideia de gravar um disco independente em Maré. Lima entrou no projeto depois, a convite de Sandes, para produzir e dirigir um documentário sobre todo o processo.
“Será a primeira oportunidade dessas tribos gravarem”, comenta Lima. “Será o primeiro disco gravado nessa ilha.”
As gravações ocorrem em casas tradicionais das tribos – espécies de ocas – e, nas canções, estará presente a sonoridade de instrumentos típicos daqueles povos, como o bambu frappe, a flauta kanak e o bambu pilone temperado.
Quanto ao documentário, os produtores imaginam lançá-lo no Festival de Cinema de Sidney, na Austrália, em 2017.