DÉBORA ÁLVARES, MARIANA HAUBERT E LEANDRO COLON BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O especialista em direito Miguel Reale Jr. abriu sua exposição na comissão do impeachment de Dilma Rousseff no Senado, no fim da tarde desta quinta-feira (28), lamentando que o pedido “tenha servido de oportunidade para que se homenageasse um torturador”. A fala do advogado, um dos autores do pedido de afastamento da presidente, fez uma referência ao voto do deputado Jair Bolsonaro, que ao subir no púlpito montado no meio do plenário da Câmara especialmente para a votação do impeachment na Casa, fez uma menção ao coronel, apontado como algoz por perseguidos políticos. “Pela memória do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”, disse o deputado ao votar na noite do dia 17 de abril. Reale deu início à sua fala na comissão do impeachment, onde teve 30 minutos para defender o impeachment de Dilma, com “um desagravo aos familiares e à memória daqueles que foram vitimados pelas mãos do major Ustra”. Ele mencionou ter presidido a comissão de mortos e desaparecidos do regime militar e afirmou que, agora, a luta é contra outro tipo de ditadura, do “gosto pelo poder”. “É contra essa ditadura que estamos lutando. Pelo gosto do poder, que não vê limites no uso de irresponsabilidade da administração pública e leva à destruição de um bem público”. A reunião desta quinta-feira começou pouco após as 16h, mas Reale só começou a falar depois das 18h. Ele e Janaína Pascoal, que também colaborou com a elaboração do pedido de impeachment, terão duas horas para defender o afastamento da presidente Dilma. Em seguida, os senadores poderão fazer questionamentos. Na sexta (29), os 21 titulares e 21 suplentes poderão acompanhar as explicações da defesa, a ser feita pelos ministros da AGU (Advocacia-Geral da União), José Eduardo Cardozo, da Fazenda, Nelson Barbosa, e da Agricultura, Kátia Abreu.