SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu na quinta-feira passada (26), aos 97 anos, o empresário Mario Amato, ex-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), entidade da qual também era presidente emérito. A informação só foi divulgada nesta terça (31).
Amato dirigiu a Fiesp logo no início da redemocratização do país, de 1986 a 1992, período em que foram lançados três planos econômicos para tentar controlar a inflação: Cruzado (1986), Bresser (1987) e Collor (1990).
Foi na campanha que elegeu Collor à Presidência, em outubro de 1989, aliás, que o líder empresarial proferiu uma de suas mais famosas declarações: “Uns 800 mil empresários vão deixar o Brasil se o Lula for eleito”.
Apesar disso, Collor fustigou a entidade desde sua campanha eleitoral. Quando recebeu o candidato, que expunha seu programa de governo à Fiesp, Amato teria olhado para o relógio, encurtando o encontro e perguntando quanto Collor queria.
Quando a CPI sobre PC Farias, tesoureiro da campanha de Collor, divulgou seu relatório final, Amato leu nota de repúdio em que a Fiesp reconhecia “absoluta necessidade de exemplar punição”.
Alguns anos mais tarde, arrependeu-se publicamente pela sugestão de fuga do empresariado caso o PT chegasse ao Planalto: “Fui maldoso e não fui leal com o Lula”.
Para Paulo Skaf, atual presidente da Fiesp, “Mario Amato foi um líder empresarial que deu uma importante contribuição para a história do Brasil”.
Além de conduzir a associação empresarial paulista, Amato também presidiu a Confederação Nacional da Indústria entre 1994 e 1995. Defendeu microempresas e o serviço social.
Tomou parte também em entidades culturais e desportivas: foi conselheiro do Teatro Municipal de São Paulo, diretor da Federação Paulista de Futebol e presidente da Federação de Automobilismo de São Paulo.
Amato tinha estilo rígido e produziu muitas frases polêmicas. Em 1989, disse que a então ministra do Trabalho, Dorothea Werneck, era “inteligente, apesar de ser mulher”.
O empresário tinha grande influência não só entre seus pares como entre os políticos. Durante o governo Sarney (1985-1989), foi chamado de Bakunin pelo presidente por ter feito críticas à política econômica. Amato respondeu à provocação com o lançamento de vodca com o nome do anarquista russo.
Pouco tempo depois, Sarney e Amato selaram as pazes, e as visitas a Brasília tornaram-se frequentes.
A missa de sétimo dia ocorre nesta quinta (2), às 12h, na Paróquia São José (rua Dinamarca, 32, Jardim Europa, São Paulo).