SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ao menos 80 pessoas morreram nesta quinta-feira (14) quando um caminhão avançou de forma deliberada sobre milhares de pessoas que estavam na orla de Nice, no sul da França, comemorando a Queda da Bastilha.
O novo ataque, que até a 0h (de Brasília) desta sexta não havia sido reivindicado por nenhum grupo, fez com que o presidente François Hollande voltasse atrás e estendesse o estado de emergência no país por mais três meses.
Segundo testemunhas e policiais, o veículo entrou na promenade des Anglais, na orla da cidade da Riviera Francesa, por volta das 22h30 (17h30 em Brasília). Minutos antes, os espectadores viram a queima de fogos que celebra o principal marco da Revolução Francesa, feriado mais importante do país.
O motorista havia avançado lentamente por 2 km da avenida antes de acelerar por poucos metros e atropelar mais de cem pessoas.
“Vi os corpos como pinos de boliche no meu caminho. Muito barulho, uma gritaria como eu nunca vou esquecer”, disse o jornalista francês Damien Allemand, que passava férias em Nice.
Em pânico, os espectadores da festa e saíram correndo da região da orla. Uma hora depois do ataque, a praça estava completamente vazia, após pedido do governo para que moradores e turistas ficassem em locais fechados.
De acordo com o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, dezenas de pessoas ficaram feridas, sendo 18 delas em estado grave. O caminhão foi parado por um cerco policial perto da praça Masséna.
Segundo os agentes, o motorista abriu fogo contra a tropa. Houve troca de tiros e os policiais mataram o condutor. No baú do caminhão, encontraram armas como pistolas, fuzis e metralhadoras, munição e granadas.
O suspeito foi identificado como um franco-tunisiano de 31 anos. Seu nome não foi identificado, assim como ainda não se sabe se ele seria vinculado a qualquer grupo terroristas. As autoridades descartaram a participação de uma segunda pessoa, apesar de inicialmente dizerem que houve um foragido.
Embora nenhum grupo tivesse se manifestado até a conclusão desta edição, diversos usuários de redes sociais ligados à milícia terrorista Estado Islâmico comemoraram o atropelamento.
A facção foi responsável pela série de ataques em Paris, que deixou 130 mortos em 13 de novembro passado.
autoridades
Horas depois de anunciar, em uma parada militar da Revolução Francesa, o fim do estado de emergência que vigorava desde as ações do Estado Islâmico na capital, o presidente François Hollande voltou atrás e expandir a medida até outubro.
Em pronunciamento à nação depois de uma reunião de emergência, disse que é “inegável” que o país tenha sofrido uma atentado terroista. “A França como um todo está sob ameaça do terrorismo islâmico. Nós temos que demonstrar absoluta vigilância e uma determinação inabalável.”, disse.
Ele prometeu aumentar o controle de fronteiras e reforçar os ataques na Síria e no Iraque –as medidas são as mesmas tomadas após a série de ataques de novembro.
“Nós vimos a violência extrema e obviamente temos de fazer tudo para lutar contra esse terrorismo”, disse.
Aliados como o presidente americano, Barack Obama, a primeira-ministra britânica, Theresa May, e a chanceler alemã, Angela Merkel, prestaram suas condolências.
No Brasil, o presidente interino Michel Temer disse que a França foi vítima de “mais uma injustificada intolerância” e chamou o incidente de “abjeto” e “ultrajante”.
Se confirmada uma nova ação terrorista, Hollande deverá sofrer mais com a pressão por controle da imigração e por novas medidas para evitar mais mortes como as mais de 200 em três atentados.