Bicicletas equipadas com sensores que detectam a presença de fuligem (black carbon) e outros materiais particulados no ar começarão a circular na região central de Curitiba a partir da próxima segunda-feira (1º de agosto). Elas fazem parte do projeto de monitoramento da qualidade do ar de Curitiba – ParCur, que reúne instituições governamentais e de pesquisa de Curitiba e da Suécia. O objetivo é mapear e medir as emissões de material particulado e avaliar seus impactos na poluição do ambiente na capital e região metropolitana.

 Temos uma grande expectativa em relação às informações geradas por este projeto, pois seus resultados serão importantes na elaboração de políticas públicas para reduzir as emissões e melhorar a qualidade do ar da nossa cidade, destacou o secretário municipal de Administração e Planejamento, Fabio Scatolin. Este projeto tem o mérito de integrar as universidades públicas e privadas nos esforços para melhorar a qualidade de vida da nossa cidade, em tema tão importante como o da mobilidade e o meio ambiente, observou o professor Cezar Augusto Romano, diretor geral da UTFPR, durante o encontro com os responsáveis pela execução do ParCur, realizado nesta terça-feira (26) no Salão Nobre na Prefeitura de Curitiba.

Segundo professora Patrícia Krecl, doutora em Ciências Ambientais pela Universidade de Estocolmo e coordenadora da atividade de monitoramento do ar por bicicletas, haverá quatro rotas distintas na região central da cidade: dois trajetos de vias calmas e outros dois fora delas. A ideia é ter parâmetros de comparação entre os dois ambientes, explicou.  A estratégia, disse ainda, é transitar em períodos da manhã e da tarde, especialmente nos horários de pico, visando detectar nos níveis de materiais particulados em geral (identificados como MP 2,5), onde se inclui a fuligem.

Além do monitoramento do ar por sensores móveis, a professora está à frente também do realizado por equipamentos fixos. Segundo ela, ao todo foram instalados 3 desses equipamentos na Vila Tecnológica no Sítio Cercado, em estruturas da Guarda Municipal. Estes equipamentos permanecerão em operação até o dia 20 de agosto, quando serão removidos e lavados para análise nos laboratórios das universidades.

 Estas pesquisas permitirão avaliar os níveis de concentração de materiais particulados em pontos específicos da cidade. Com isso, além de orientar possíveis ações visando reduzir as emissões, servirão também de referência para os ciclistas, que poderão escolher os melhores trajetos quanto a qualidade do ar. Com a análise dos dados, o poder público terá também novos critérios para definir locais mais adequados para implantar uma ciclovia, observou.  As partículas em análise são decorrentes principalmente da queima de combustíveis.

 

Óxido de Nitrogênio

Faz parte também do projeto ParCur o monitoramento do ar para detecção da presença de óxido de nitrogênio, também decorrente da queima de combustíveis. Este trabalho é conduzido pela professora Érika Felix, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e consiste na instalação, a partir desta sexta-feira (29), de 11 equipamentos de monitoramento do ar em diferentes regiões da cidade.

 Estamos instalando os chamados Amostradores Ogawa, que permitem detectar o óxido de nitrogênio. Com os resultados desta pesquisa podemos fazer um mapeamento completo sobre a incidência desse composto no ar da região em estudo, observou. As 11 localidades escolhidas são Bairro Alto, Xaxim, Batel, Cajuru, Mercês, Alto da Gloria, Alto da XV, Vicente Machado, dois pontos na Marechal Deodoro e um na Vila Petrópolis, em Colombo. Os equipamentos coletarão as informações durante dois períodos de 15 dias e permitirão gerar um relatório já nos próximos meses.

 

Parceria Curitiba e Suécia

A parceria que uniu instituições governamentais e de pesquisa de Curitiba e da Suécia foi firmada em março deste ano e deverá ser finalizada nos próximos dois anos, com a produção de um inventário de emissões de material particulado e avaliação de seus impactos nos níveis de poluição de ar na capital e região metropolitana.

O trabalho irá reunir dados para subsidiar o planejamento urbano e a gestão do transporte em Curitiba. O plano do projeto ParCur prevê uma série de estudos e análises de emissões com apresentação dos resultados em dezembro do ano que vem.

O trabalho está sendo coordenado por Lars Gidhagen, do Instituto Sueco de Meteorologia e Hidrologia (SMHI) e tem como parceiros, na Suécia, o Instituto Real Sueco de Tecnologia (KTH) e a agência sueca de desenvolvimento e proteção ambiental, SEPA. No Brasil, a coordenação está a cargo do professor Francisco Mendonça, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

São parceiros do projeto no Brasil a Prefeitura de Curitiba, as universidades Federal do Paraná (UFPR); Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); Positivo (UPC), Pontifícia Universidsade Católica do Paraná (PUCPR); o Instituto de Tecnologia Lactec; Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Sistema de Meteorologia do Paraná (Simepar) e Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR).

Pelo município de Curitiba estão diretamente envolvidos no projeto as secretarias de Planejamento, Meio Ambiente, Trânsito, Administração e Saúde, além da Área de Relações Internacionais, Urbs e Ippuc.