A Secretaria de Estado da Saúde promove até este domingo (14), em Curitiba, o Seminário Teresa de Benguela, para discutir assuntos relacionados à saúde da população negra no Estado. O evento, destinado a gestores e profissionais de saúde de todo o Paraná, acontece no Hotel Estação Express, na Rua João Negrão, 780.

Somos o estado do Sul do País com o maior número de pretos e pardos. Queremos aumentar a visibilidade e ampliar as ações estratégicas específicas para dar o atendimento adequado a essa parcela da população, afirma o superintendente de Atenção à Saúde, Juliano Gevaerd.

De acordo com o superintendente, encontros como esses são fundamentais para envolver diversas instâncias na discussão de novas estratégias visando efetivar a Política de Saúde Integral da População Negra, que representam 25,8% no Estado. Para isso, o evento conta com parcerias como a da Rede Mulheres Negras Paraná.

Ter um espaço para discutir exclusivamente a saúde da população negra significa reconhecer que o racismo institucional existe. E ter o Estado como parceiro para falar sobre isso e unir o gestor com o cidadão é fundamental, diz a coordenadora executiva da Rede, Solange Duarte.

TEMAS – A fundadora da Rede de Mulheres Negras, Alaerte Leandro Martins, também participa do seminário. Para ela, o principal ponto a ser discutido é o acesso à saúde. Grande parte dessa população vive em periferias de grandes cidades, ou regiões pequenas com menor acesso à saúde, e isso deve receber atenção, comenta.

Alaerte explica que a população negra tem condições genéticas diferenciadas que não podem ser ignoradas. Os negros têm maior prevalência de doenças, como diabetes e hipertensão, além de doenças menos comuns como a anemia falciforme (doença do sangue), deficiência de glucose-fostato de-sidrogenase (doença hereditária) e foliculite (que causa a inflamação dos pelos).

O Seminário também aborda temas como alcoolismo, drogadição, DST e Aids/HIV, mortalidade da juventude negra, entre outros. Alguns assuntos são consequência da determinante social e que a maior parte dos negros está inserida e também devem ser levados em consideração, complementa Alaerte. 

MÃE PARANAENSE – No Brasil, dados apontam que o risco relativo de morte materna é maior entre as mulheres negras. A Rede Mãe Paranaense estabeleceu que gestantes negras e indígenas devem ser estratificadas com risco intermediário. 

As futuras mães recebem atenção especial com o objetivo de reduzir as taxas de mortalidade materna e também infantil nesta população. Nos bebês, a vigilância começa com a triagem neonatal. Cerca de 6% a 10% dos bebês negros podem ter a doença falciforme, que é identificada com o teste do pezinho feito na primeira semana de vida do recém-nascido.

No Paraná, todos os recém-nascidos passam pelo teste que detecta, além dessa, outras irregularidades na saúde do bebê. O problema também pode ser verificado através do exame eletroforese de hemoglobina (teste da mãezinha), feito no durante o pré-natal da gestante.