Que os exercícios físicos melhoram o humor e a autoestima ninguém duvida, pois antes mesmo de promover mudanças aparentes no corpo, costumam trazer uma sensação imediata de bem-estar. Além disso, promovem o aumento da força muscular, a melhora do desempenho físico e do funcionamento do sistema cardiovascular, o que nos deixa mais aptos a enfrentar as tarefas do dia a dia. A prática regular de atividades físicas (AF) pode ainda evitar uma série de doenças, nos permitindo viver mais e melhor.
Apesar disso, em 2012, às vésperas das Olimpíadas de Londres, uma série de estudos publicados no periódico The Lancet mostrou que a inatividade física já era considerada uma pandemia global. Foi lançado um alerta mostrando que o sedentarismo deveria receber a mesma atenção que o tabagismo e a obesidade como fator de risco modificável para o desenvolvimento de doenças crônicas. Mantendo a tradição, uma nova série de estudos foi publicada logo antes das Olimpíadas do Brasil, o que veio a confirmar os dados iniciais, trazendo ainda novidades que serão abordadas nesse artigo.
A crescente urbanização, o acesso à motorização e o aumento do trabalho sedentário parecem ser os principais responsáveis pelo estilo de vida inativo visto ao redor do mundo. E esse não é um problema exclusivo dos adultos. Estudos epidemiológicos mostram que a maior parte das crianças e adolescentes não realiza o tempo mínimo necessário de atividades físicas ao longo do dia para serem considerados ativos. Para usufruir dos efeitos benéficos da AF em termos de saúde pública, uma série de estratégias vem sendo estudadas e aplicadas aos poucos. Enquanto isso, devemos tentar vencer nossas próprias barreiras e incluir atividades físicas em nossas vidas, se possível envolvendo toda a família.

Já está bem estabelecida a relação entre a falta de atividades físicas e o aumento no risco de doenças crônicas como o diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, derrame, alguns tipos de câncer e até mesmo de morte prematura.
Alguns hábitos merecem atenção especial. Um estudo recente sugeriu que assistir TV por tempo prolongado (>5 horas/dia) estaria associado ao aumento no risco de desenvolver diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, e de morte por todas as causas. Além disso, pessoas que passam mais do que 8 horas por dia sentadas, e são pouco ativas, apresentam um aumento no risco de mortalidade semelhante ao que ocorre na presença de outros fatores como o tabagismo ou a obesidade.
Por outro lado, a prática regular de AF reduz o risco de desenvolver e/ou melhora o controle de diversas doenças, como a obesidade, o diabetes, alguns tipos de câncer, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. E como se essas vantagens não bastassem, estudos recentes têm demonstrado a importância da prática regular de exercícios no desenvolvimento e na manutenção das funções cerebrais normais. Em adultos a prática regular de exercícios reduz o risco de demência, e em crianças melhora a capacidade cognitiva e o rendimento escolar.
Esses dados não deixam dúvidas sobre a importância de se combater o sedentarismo. Para isso é essencial mudar hábitos, o que nem sempre é fácil e exige motivação. Você já pensou sobre o que te levaria a incluir mais movimento em seu dia a dia? Melhora no humor, na disposição, perda de peso, um sono melhor ou uma vida sexual mais satisfatória seriam suficientes? Todos esses são benefícios oferecidos pela prática rotineira de exercícios físicos.

Por Dra. Daniele Tokars Zaninelli, endocrinologista do Hospital VITA