JAIRO MARQUES SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Para estimular o consumo consciente e divulgar seu estoque de doações de peças usadas, mas ainda com muita possibilidade de vestir bem, uma ONG de São Paulo resolveu criar um inédito catálogo de roupas de brechó. E na onda de mostrar que moda pode contemplar a diversidade, a entidade convidou 18 pessoas assistidas por seus programas sociais, de várias faixas etárias, para serem as modelos das coleções.

As quase cem peças exibidas pelo catálogo têm valores entre R$ 2,5 e R$ 50, e podem ser adquiridas no Educandário Dom Duarte, da Liga Solidária, na zona oeste da cidade, que dispõe de 27 mil unidades de roupas à venda para angariar fundos. A partir deste ano, as peças irão ganhar um bazar itinerante e circularão pelas outras unidades da instituição espalhadas pela cidade. “O catálogo teve como principal inspiração a valorização das diferenças que existem entre as pessoas. Iniciativas como esta que destacam a democratização de estilos e o empoderamento devem ser mais recorrentes em diversos segmentos, como a moda”, diz Carola Matarazzo, presidente da entidade.

Ela explica que roupas de brechó não são necessariamente “de segunda mão”. “Hoje em dia, as pessoas buscam soluções alternativas para se vestirem bem sem gastar muito com isso. É uma prática muito recorrente.” Uma das modelos convidadas foi Sudária Bertolino, 32, que posou com um vestido vermelho de festa de R$ 15. Ela recebeu maquiagem e penteado especial nos cabelos e afirma ter gostado de sua primeira experiência como modelo.

Bertolino foi aluna de um programa de capacitação profissional da ONG. Os ensaios fotográficos que geraram o catálogo “A Beleza Não Tem Padrão, Nem Preço” levaram um dia todo e contou com profissionais experientes no ramo da moda.

INOVAÇÃO

O trabalho de entidades não-governamentais foi diretamente atingido pelo recuo econômico vivido pelo país. As doações despencaram e ficou mais difícil fechar convênios com o poder público para viabilizar projetos. Diante desse cenário, grandes entidades estão buscando o caminho de serem autossuficientes e têm lançado mão da criatividade para levantar recursos. “Criamos uma estratégia que permitiu à instituição angariar recursos para custear suas obras sociais, como é o caso do bazar solidário. Criatividade é fundamental neste processo porque é a partir de planos inovadores que podemos manter o ritmo na busca por parceiros e melhorias operacionais”, afirmou a presidente da Liga.