RICARDO AMPUDIA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil está construindo um gigantesco acelerador de partículas, o Sirius, em Campinas (SP), onde fica a sede do Centro Nacional de Pesquisa e Energia de Materiais (Cnpem). Com mais de 500m de diâmetro, a máquina analisa a radiação emitida por luz do tipo síncroton e o projeto é considerado prioritário pelo governo brasileiro.
“Passaremos a integrar um seleto grupo de nações com instrumental para pesquisa de altíssima tecnologia. Quando estiver pronta, será, por um tempo, a melhor máquina deste tipo no mundo”, conta Sérgio Marques, um dos engenheiros responsáveis pelo projeto, que falou sobre o Sirius para o público na Campus Party.
Com investimentos estimados em R$ 1,8 bilhão, o prédio deve estar concluído em setembro de 2017, quando começa a instalação do acelerador, um desafio de engenharia sem precedentes no país, segundo Moraes. Com aparelhos de precisão nanométrica, até o deslocamento do solo pelo movimento das marés precisa ser previsto no projeto, instalado no interior de São Paulo.
Para o engenheiro, o projeto já significou um avanço na indústria brasileira, que no começo da construção do Sirius não tinha capacidade de usinar materiais utilizados em equipamentos de alto vácuo -semelhante ao encontrado na Lua. “Não só o projeto já tem como consequência o avanço da indústria brasileira, como o Sirius vai significar avanços na indústria farmacêutica e agrícola”.
Ele cita experimentos que descobriram a carência de zinco no cérebro de pessoas que sofriam de esquizofrenia, realizado com um equipamento semelhante nos EUA.
Iniciado em 2014, o projeto prevê que o equipamento comece a funcionar com capacidade reduzida, em caráter experimental ainda em 2018. “Estamos no prazo. Em 2019 já estaremos funcionando com força máxima, abertos aos parceiros que tenham capacidade para operar o Sirius”, garante Marques.