A Emater, com a parceria da Embrapa, promove em 8 de junho, em Morretes, um seminário técnico sobre produção de palmitos cultivados. O evento tem o objetivo de debater a aplicação de novas tecnologias aplicadas ao desenvolvimento das culturas das palmeiras Pupunha e Real. Cerca de 120 pessoas já confirmaram a participação, entre elas agricultores, técnicos e pesquisadores.

O engenheiro agrônomo Sebastião Bellettini, coordenador regional da Emater em Paranaguá, conta que o cultivo da palmeira Pupunha, nativa da região amazônica, e da palmeira Real foram introduzidos no Litoral do Estado há cerca de 20 anos através de ação a campo desenvolvida pelo serviço oficial assistência técnica e extensão rural e apoio de pesquisa da Embrapa/Floresta.

“A atividade surgiu influenciada por vários fatores. Um deles era a necessidade dos produtores encontrarem alternativas de cultivo das terras que estivessem em acordo com a legislação ambiental da Mata Atlântica, disse o técnico. Além disso, acrescenta, existia uma forte demanda de indústrias que antes trabalhavam com palmitos extraídos das plantações nativas da palmeira Jussara. A proibição do corte dessa planta deixou muitos empreendimentos sem condições de operar e dependente de outras alternativas de oferta da matéria-prima”, explica Bellettini.

De acordo com ele, a introdução do cultivo das palmeiras Pupunha e Real trouxe vários benefícios para a região, não apenas do ponto de vista de geração de renda e trabalho para as famílias de agricultores e trabalhadores da cidade, mas também com resultados positivos para o meio ambiente. 

“Hoje, a cadeia produtiva das palmáceas cultivadas na região acumula uma receita bruta anual de R$ 113 milhões. Temos cerca de 900 famílias de produtores rurais integradas a esse novo negócio e ainda 22 agroindústrias – 15 delas vendem o palmito em conserva e outras sete distribuem o produto in natura”. Atualmente, são cultivados na região aproximadamente 2,34 mil hectares com essas palmáceas, 2 mil hectares apenas com a Pupunha.

Ainda na avaliação do técnico da Emater, a opção pela exploração das palmeiras cultivas diminuiu a pressão sobre as reservas da palmeira nativa Jussara, que chegou a ser, durante um bom tempo, uma das principais fontes de renda para os produtores rurais do Litoral do Estado. 

“A palmeira Jussara era retirada da Mata Atlântica de forma indiscriminada, chegando quase a sua extinção. Hoje, as próprias indústrias perderam o interesse por essa matéria-prima, até porque a oferta de palmitos colhidos de plantações de Pupunha e palmeira Real é suficiente para atender suas necessidades”.

Preservada, a palmeira nativa Jussara passa a ser estudada como alternativa para a produção de polpa, semelhante a do Açaí, que pode ser produzida a partir da colheita controlada e sustentável de seus frutos. Esse será um dos temas do seminário que abordará também a situação atual das culturas, o corte e manejo das plantações, o manejo integrado de pragas e doenças que atacam os cultivos e a adequação ambiental das propriedades.