LETÍCIA CASADO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O criminalista Cezar Roberto Bitencourt afirmou que que vai fazer uma “defesa técnica” do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), sem descartar “em definitivo” um acordo de delação premiada.
Ele assumiu nesta segunda (29) a defesa do ex-assessor especial do presidente Michel Temer.
“Não trabalho com delação, mas sou advogado e em última instância…”, disse Bitencourt.
“Pretendo fazer uma defesa técnica, mostrar as incongruências (da investigação). Tem bastante coisa para ser trabalhada”, afirmou.
“Delação está afastada, a priori. Nada se afasta em definitivo, mas em princípio, sim. Não tem sentido começar uma defesa pensando em colaboração”, ressaltou.
Bitencourt, que também defende também o doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador do ex-deputado Eduardo Cunha, afirmou que foi contratado pelo pai de Loures.
Ele disse que ainda não estudou o inquérito que atinge seu novo cliente, mas declarou que há espaço para vários questionamentos.
“Não se pode fazer gravação ardilosa contra a maior autoridade do país”, afirmou, em referência ao Temer, gravado por Joesley Batista, um dos sócios da JBS.
Joesley gravou quatro conversas -duas com Rocha Loures, uma com o presidente Temer e outra com o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG)- e apresentou o material à PGR a fim de negociar delação.
Segundo o advogado, “isso é uma espécie de flagrante provocado, é nulo”. “A partir daí, começa (uma investigação) com nulidades. (A PGR) Deu moeda de troca para ele”, disse o criminalista. “Tens uma gravação que mais da metade é inaudível”, completou, destacando que a PF está fazendo perícia no material.
Depois da gravação, Rocha Loures foi alvo de ação controlada da Polícia Federal e filmado recebendo uma mala de dinheiro com R$ 500 mil. O deputado afastado devolveu os recursos às autoridades na semana passada.
Para Bitencourt, o material produzido na ação da PF é questionável porque foi gerado a partir de um ato ilícito, a gravação secreta: “É uma prova derivada, fruto da árvore envenenada. O resto é ilegal também”.