Fazer xixi na cama não é coisa de criança teimosa. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, 15% das crianças acima de cinco anos sofrem do hábito involuntário de fazer xixi na cama.
Embora a maioria das crianças tenham controle das micções e evacuações conforme a idade vai chegando, existem aquelas que sofrem de enurese, incontinência ou infecções urinárias podendo persistir na adolescência ou até mesmo na vida adulta.
Os pequenos que sofrem dessa doença precisam, além da ajuda médica, da compreensão dos pais, pois a enurese tem um grande impacto na autoestima, no bem-estar emocional e também no desempenho escolar e social da criança, explica a Nefropediatra, Rejane de Paula Bernardes, da Clínica Nefrokids, referência no atendimento de crianças portadoras de disfunções de bexiga.
Para ajudar na conscientização da doença e contribuição da criança ao tratamento, a Nefrokids criou um programa educativo para os pacientes com esse problema. Trata-se da Escolinha do Dr. Xixico, um macaquinho de pelúcia. Na Escolinha, o personagem é responsável por ensinar e informar sobre os exames e procedimentos que o paciente será submetido. Utilizamos uma linguagem mais acessível e divertida para facilitar o entendimento de todo o processo em módulos divididos para pais e crianças, conta a médica.
O macaquinho tem ajudado pacientes e familiares a compreender melhor as disfunções de trato urinário e até a reduzir o tempo de tratamento. Com a colaboração dos pacientes o resultado do tratamento melhora muito em um prazo menor, explica a médica.  O programa existe desde 2014 e já ajudou mais de 2300 crianças que passaram pela clínica a enfrentarem os procedimentos com mais confiança, comemora a médica.
Sandra Santos passou por muitas coisas até descobrir que o problema que a filha Rafaella de 9 anos tem é disfunção miccional e foi na Nefrokids que ela conseguiu o diagnóstico preciso e a filha começou o tratamento em 2010.

Enurese ou incontinência urinária

A enurese noturna monossintomática é o distúrbio pediátrico mais comum, com uma alta taxa de resolução espontânea.

A maioria dos tratamentos deve ser adiada até a criança completar, no mínimo, 7 anos de idade e todos os tratamentos devem ser iniciados com crianças dispostas a participar ativamente no tratamento, assim como também é de fundamental importância a colaboração e o apoio dos pais. 

Vários tratamentos podem ser utilizados e a monoterapia é uma opção eficaz na maior parte dos casos.

O tratamento deve ser avaliado pelo risco potencial de efeitos colaterais, pesando sempre os riscos e benefícios.

Simples métodos comportamentais (terapia motivacional, exercícios de retenção vesical) são usualmente os primeiros tratamentos utilizados e ações mais intervencionistas devem ser consideradas em crianças mais velhas, pelo aumento da pressão social e naquelas cuja autoestima esteja afetada.

O sistema de alarme de despertar se mostra o mais efetivo tratamento em longo prazo.

Dietoterapia e treinamento vesical podem se mostrar como uma boa terapia coadjuvante. 

O tratamento farmacológico é efetivo em curto prazo, permitindo que as crianças executem suas atividades sociais, como acampar e dormir na casa de amigos. 

Embora existam diversas formas de abordar a criança enurética e seus familiares, o nível pedagógico, informativo e tranquilizador que o profissional pode oferecer a seus clientes constitui a base de qualquer atitude posterior.

A escolha do tratamento tem a ver certamente com o profissional e seu paciente, com suas ideias acerca do fenômeno, com sua ideologia, história e instrumentos de intervenção.

O prognóstico é bom, dificilmente o sintoma permanece indefinidamente e é raro atingir a puberdade; portanto, a necessidade de intervenção (familiar ou com a criança) deve ser avaliada pelo profissional e familiares. 

Frequentemente a tranquilização e a orientação trabalhadas pelo pediatra modificam significativamente o curso dos sintomas.