GUSTAVO URIBE E LUIZA FRANCO
SÃO PAULO, SP E DE BRASÍLIA (FOLHAPRESS) – Diante de uma classe artística que rejeita o governo do presidente Michel Temer (PMDB), o novo ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, empossado nesta terça-feira (25), pediu união. “Esse clima de radicalização não interessa a ninguém. Espero que sejamos pragmáticos e que possamos encontrar áreas de consenso”, afirmou, em entrevista após a cerimônia de posse.
Nomes expressivos da cultura, como Caetano Veloso, desejam a renúncia do presidente. Leitão disse na posse que quer ser o ministro “de toda a cultura brasileira”, mas criticou o que chamou de “reação descabida” daqueles que rejeitam “o bom senso e a contemporaneidade”.
A uma semana da votação pela Câmara sobre o prosseguimento da denúncia contra o presidente por corrupção passiva, Sá Leitão foi evasivo quando questionado sobre acreditar na inocência de Temer. “Não é questão de acreditar ou não. Eu fui convidado para fazer um trabalho e o farei da melhor forma possível. O Brasil precisa sair da crise, precisa de estabilidade. Espero que tudo saia conforme a Constituição e a lei.”
Em seu discurso de posse, o jornalista defendeu as reformas do governo. “O Brasil de hoje exige que mais brasileiros sérios agarrem as rédeas do nosso destino. Nós precisamos sair logo da crise, em todas as áreas, e precisamos construir esse país que sonhamos. E isso se faz com reformas estruturais, não com a fácil omissão”, disse.
Leitão reconheceu que assume em um “momento difícil no país”, e disse que é necessário “ressuscitar sonhos”. “As condições do país são adversas e estamos começando a sair da maior recessão de nossa história”, afirmou.
O novo ministro disse, ainda, querer “reconstruir o MinC”. “Farei o possível para reduzir custos e aumentar receitas por meio de um choque de gestão.” No Orçamento de 2017, a pasta tem R$ 2,7 bilhões -menos, por exemplo, que o reservado à UFRJ ou ao IBGE. Segundo Sá Leitão, Temer se mostrou “sensível” a um possível aumento de recursos para a pasta.
Está sob sua jurisdição, ainda, R$ 1,7 bilhão ao ano em benefícios tributários como os da Lei Rouanet (de renúncia fiscal), que o novo ministro elogiou. “Acho que não faz sentido substituir a lei, mas introduzir mecanismos que a tornem mais contemporânea e eficaz. ” Esses mecanismos seriam financiamentos por fundos patrimoniais e “crowdfunding”.
No início do discurso, agradeceu a presença do ex-presidente José Sarney e disse estar honrado, já que a pasta foi criada na gestão dele, em 1985. Também estiveram presentes representantes do audiovisual, como os cineastas Cacá Diegues, Carla Camurati e Vladimir Carvalho, e do Carnaval carioca, como Tia Surica.
O novo ministro foi secretário municipal de Cultura do Rio no governo de Eduardo Paes (PMDB), chefe de gabinete do ministério de Gilberto Gil (governo Lula) e diretor da Ancine.