SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A região amazônica convive com problema histórico de naufrágios. Levantamento da Folha encontrou 18 casos que tiveram número significativo de mortos e desaparecidos desde 1981. Ao todo, pelo menos 1.078 pessoas morreram nessas circunstâncias, incluindo as dez vítimas encontradas nesta quarta-feira (23).
Foi em 1981 que aconteceram dois dos maiores acidentes do tipo na área. Em janeiro, o barco “Novo Amapá” se chocou contra um banco de areia no rio Cajari, no Amapá. Com capacidade para 150 passageiros, a embarcação levava 696 –430 morreram.
Em setembro, o barco “Sobral Santos 2”, que fazia percurso entre Santarém (PA) e Manaus, afundou devido ao excesso de carga e a infiltrações em sua estrutura. O naufrágio ocorreu no rio Amazonas, perto do porto de Óbidos, no Pará. Dos 530 passageiros, 340 foram vitimados.
Antes do final da década, em julho de 1988, outro acidente de grandes proporções deixaria 56 mortos na Baía do Guajará, no Pará. O barco “Correio do Arari”, com capacidade para 60 pessoas, levava 135 quando acertou o casco de uma embarcação afundada em região conhecida como “cemitério de navios”, a cinco quilômetros de Belém.
À época, a Capitania dos Portos do Pará ouviu depoimentos que diziam que o comandante do “Correio do Arari” estaria alcoolizado.
Nas décadas seguintes, os naufrágios não escasseariam, e continuariam marcados por infrações como excesso de pessoas a bordo, falta de registro de barcos ou uso inadequado das embarcações.
Cinquenta e cinco pessoas também morreram e 34 foram tidas como desaparecidas após os três maiores acidentes náuticos da área nos anos 1990, ocorridos em 1995, 1996 e 1999.
Entre 2000 e 2017, 11 naufrágios significativos aconteceram na região (além do que aconteceu nesta quarta), contabilizando 232 mortos.
Em 2015, embarcação afundou com 5.000 bois vivos em Barcarena, nordeste do Pará, deixando as águas infestadas por meses pelas carcaças dos animais e por 700 toneladas de óleo que vazaram.