O país de Villa-Lobos, Ary Barroso, Caetano Veloso, Rita Lee, Almir Sater, Tom Zé, Gilberto Gil. Mas também da mulher que carrega a lata d´água na cabeça, do menino que faz samba ou funk no morro ou no asfalto, do índio que dança em sua aldeia, do sertanejo que produz poesia à espera da chuva, da cabocla de jeito mestiço, do guri tri legal. Idealizado por Gustavo Nunes, com direção de Ulysses Cruz e autoria de Renata Mizrahi, ‘Rio mais Brasil, o nosso musical’ mostra um país cheio de musicalidade e contrastes. O povo brasileiro é o protagonista, com sua pluralidade, sua complexidade, seu sincretismo, livre de estereótipos. Uma gente que enverga, mas não quebra. A produção é assinada pela mesma produtora de Cássia Eller, o musical, a Turbilhão de ideias Entretenimento.

Rio mais Brasil, o nosso musical’ se passa nos bastidores da realização de um longa-metragem, livremente inspirado na obra ‘O Povo Brasileiro’, de Darcy Ribeiro. O produtor Martin recebe uma verba para criar uma superprodução, mostrando um Brasil jamais visto antes no cinema. Após muito procurar, ele vê suas ideias traduzidas pela cineasta Cris, que propõe mostrar a essência do povo brasileiro através do livro do Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro. E a escolha do elenco deve refletir essa proposta, com pessoas de todo o país, que mostrarão um pouco de suas vivências, ajudando a entender o Brasil através da sua gente. À medida que as filmagens avançam, os valores vão sendo reduzidos, até que o investimento na produção é completamente cancelado. Como seguir adiante? O que pode ser feito? Um novo fato reacende as esperanças e possibilita a continuação das filmagens. 

Desde o início do processo, o idealizador do projeto, Gustavo Nunes, e o diretor Ulysses Cruz tinham uma certeza: queriam fugir do óbvio, evitar uma abordagem estereotipada. Recusamos tudo que fosse clichê, pontua o diretor. Queremos um lugar mais real, de pessoas potentes, não os mesmos cartões postais, nem as mesmas frases feitas, afirma a autora Renata Mizrahi. Eu não quero retratar a Zona Sul do Rio, da forma como sempre é mostrada, quero também a arquibancada número 1 da Sapucaí. Aquelas pessoas que estão ali têm histórias maravilhosas para contar. Uma das primeiras visões que tive do Rio foi o baile charme de Madureira. Aquele é o Rio que me interessa, o Rio real, acrescenta Ulysses.

Realidade e ficção dialogam em cena. Não apenas porque o espetáculo retrata uma rotina tão comum à cultura brasileira, mas porque foi livremente inspirado em um fato acontecido na própria produção do musical, que seria montado em 2016, porém teve o cancelamento de um patrocínio quando estava iniciando os ensaios, já com todo o elenco escolhido. O produtor e idealizador Gustavo Nunes não desistiu e artistas como Ulysses Cruz e Cris Vianna seguiram à disposição do projeto, que pôde agora ser viabilizado com apresentação do Ourocap, em uma realização da Turbilhão de Ideias Entretenimento. 

É a arte mais uma vez driblando os obstáculos e fazendo brotar a criação de onde antes havia apenas incerteza. Essa primeira tentativa frustrada se transformou em história na peça. E o Martin é uma homenagem ao Gustavo, que nunca desistiu de fazer esse espetáculo nascer, exalta Ulysses. 

O Ulysses foi a primeira pessoa que convidei para integrar o projeto. A ousadia que ele apresenta em suas encenações seria fundamental para poder realizar um projeto como este, afirma Gustavo, que complementa: sentia falta de ver nos palcos um espetáculo que refletisse o Brasil de hoje. Ainda consumimos tantas histórias que não têm absolutamente nada a ver com a nossa realidade. Nossa cultura e nossas questões precisam tomar maior proporção, ainda mais num momento como o que estamos vivendo. 

Assim como no filme retratado no espetáculo, a escolha do elenco traduz a diversidade brasileira: foram mais de 500 candidatos de todo o país e a lista inclui nomes do Amazonas, Mato Grosso, Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Anna Bello, André Muato, Bárbara Sut, Camila Matoso, Clayson Charles, Edmundo Vitor, Janaína Moreno, Kesia Estácio, Leandro Melo, Luciana Balby, Nando Motta, Marcel Octavio, Paulo Ney, Priscilla Azevedo e Teka Balluthy foram escolhidos pela banca formada por Ulysses Cruz, os diretores musicais Carlos Bauzys e Daniel Rocha, o diretor assistente, Thiago de Los Reyes, a produtora de elenco, Vanessa Veiga, e Gustavo Nunes. O elenco se complementa ainda com o multi-instrumentista Fernando Thomaz, que também atua nesta encenação. 

Carlos Bauzys não esconde a satisfação com os atores escolhidos: foi uma das seleções mais difíceis que já fiz, fiquei entusiasmado com o alto nível dos multi-artistas, celebra. Queríamos um elenco que espelhasse o Brasil, mas um elenco real, não pessoas que parecessem, mas que fossem. Nossa vontade é realmente colocar em cena o povo brasileiro, explica Ulysses.

Renata conta que recebeu o pedido do texto com a ideia de trabalhar em cima do Rio e do Brasil, mas sem um argumento definido. Tive várias conversas com o Ulysses e o Gustavo. Bati muita bola com eles e, aos poucos, fomos construindo essa história. A gente troca ideia, debate muito. E agora temos também os atores, que chegaram, cada um com uma bagagem e histórias que só nos enriquecem. Esse trabalho é a arte de ouvir, filtrar e escrever, explica Renata. O texto foi sendo finalizado com a minha ida aos ensaios.Os atores nos trouxeram informações, vivências, além de demandas naturais da encenação, complementa Ulysses.

 

SERVIÇO
Datas e Horários

29/09 – 21h
30/09 – 21h
01/10 – 19h

Local
Teatro Guairinha – Auditório Salvador Ferrante
Rua XV de Novembro, 971.

Vendas – http://www.diskingressos.com.br/grupo/519

Balcão R$50

Plateia R$100