JOÃO PEDRO PITOMBO
SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – O comandante militar do Sul, general Edson Leal Pujol, afirmou nesta terça-feira (26) que pessoas insatisfeitas com a situação política do país devem se manifestar, mas “ordeiramente”.
“Se vocês estão insatisfeitos, vão para a rua se manifestar, mostrar, ordeiramente. Mas não é para incendiar o país, não é isso”, afirmou o general durante uma reunião-almoço organizada pela Associação Comercial de Porto Alegre.
A declaração foi dada em resposta a uma pergunta de um participante, que questionou: “General, o país está à deriva. Quem nos mostrará o caminho?”. O público era formado majoritariamente por empresários.
Leal Pujol respondeu afirmando que cabe à própria população mostrar o caminho e recomendou que os insatisfeitos se manifestem.
“Se os nossos representantes não estão correspondendo às nossas expectativas, vamos mudar. Há uma insatisfação geral da nação, eu também não estou satisfeito”, disse o general.
Na sequência, Leal Pujol afirmou que a população é o principal termômetro para os Poderes Executivo, Legislativos e Judiciário. E lembrou que, nos últimos três meses, não houve nenhum protesto significativo em capitais como São Paulo, Rio, Brasília e Porto Alegre. “Não estamos gostando, mas estamos passivos. Quero saber quantos de vocês foram pra rua se manifestar? Não adianta nós usarmos só as mídias sociais”.
O general ainda destacou que ele não pode se manifestar por causa da hierarquia militar: “Eu não posso ir pra rua”. Ao final da declaração, o general ressalvou que intervenção militar não seria uma solução e que o papel das Forças Armadas é “seguir a legislação”.
Declarações do general Antonio Hamilton Mourão sobre “impor uma solução” e “intervenção” militar na crise política no país, dadas em uma reunião em loja maçônica do Distrito Federal no último dia 15 de setembro, geraram polêmica nas últimas semanas. O oficial está na ativa e ocupa alto cargo na administração do Exército, na condição de secretário de economia e finanças do Comando do Exército.