SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mais de 500 pessoas já morreram na região síria de Ghouta Oriental, próxima a Damasco, desde a noite de domingo (18), quando a área passou a ser bombardeada por forças leais ao ditador Bashar al-Assad. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, ONG com sede no Reino Unido, 510 pessoas foram mortas nos ataques, sendo 127 crianças e 75 mulheres, e mais de 2.400 ficaram feridas. Neste sábado (24), foram ao menos 24 mortos, de acordo com a organização. A região (formada por uma série de cidades-satélites e fazendas a leste de Damasco) está sob cerco das forças oficiais desde 2013, quando Assad foi acusado de ter usado gás sarin em um ataque no local, matando cerca de 1.300 pessoas —o governo nega o uso do material. O aumento da violência na região, o último enclave rebelde nas proximidades de Damasco, levou o Conselho de Segurança da ONU a debater a imposição de uma trégua humanitária de 30 dias em Ghouta. As discussões começaram na quinta-feira (22), mas a votação já foi adiada duas vezes porque a Rússia, aliada de Assad, indicou que vetaria a resolução. Uma nova proposta, feita por Suécia e Kuwait e com apoio de França e Alemanha, está prevista para ir a debate ainda neste sábado, mas não está claro ainda se a Rússia vai permitir que ela seja votada. O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, disse que a ideia de um cessar-fogo imediato na região não é realista, em uma crítica a proposta que seria votada e que previa o início da trégua em 72 horas. Com isso, Suécia e Kuwait alteraram o documento, que agora “pede que todas as partes interrompam as hostilidades sem demora”, mas não específica uma data exata para que isso aconteça. A proposta afirma ainda que após o cessar fogo começar, deve ser aberto um espaço para que comboios humanitários e equipes de saúde entrem na região e atendam as cerca de 400 mil pessoas que moram no local. Testemunhas afirmam que parte da população está escondida em porões e que os socorristas tem dificuldade para encontrar os sobreviventes nos escombros porque os ataques são ininterruptos. Há ainda relatos que que hospitais também foram alvo dos bombardeios. Segundo o governo sírio, o bombardeio tem como objetivo atacar grupos terroristas que controlam a área. O ataque é feito com aviões e helicópteros e ativistas afirmam que parte desses veículos é russa, o que Moscou nega. Desde que a Rússia passou a dar apoio militar ao governo sírio, em 2015, Assad vem conseguindo recuperar terreno, derrotando tanto rebeldes quanto o grupo extremista Estado Islâmico.