A população médica no Paraná registrou um crescimento inédito nos últimos 18 anos, aponta o estudo Demografia Médica 2018. divulgado ontem pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a pesquisa revelou que desde 2000 houve um crescimento de 91,49% no número de médicos no estado. Para se ter noção do que isso representa, no mesmo período a população do estado cresceu 18,38%. 

Com uma população de 11,3 milhões de pessoas, o Paraná contava em janeiro deste ano com 23.661 médicos, o que resulta numa proporção de 2,09 profissionais por mil habitantes. Há 18 anos, quando a população do estado somava 9,6 milhões de pessoas, haviam 12.356 profissionais, com 1.29 médicos por mil habitantes.
Curioso notar, contudo, que esse aumento, embora significativo, não trouxe à sociedade os benefícios esperados, como admite o próprio CFM. É que o Brasil ainda sofre com grande desigualdade na distribuição da população médica entre regiões, estados, capitais e municípios do interior.
No caso paranaense, por exemplo, Curitiba, com 1,9 milhão de habitantes (o equivalente a 16,8% da população do estado), concentra 45,9% da população médica, ou seja, os curitibanos são atendidos por 10.867 médicos, o que dá uma razão de 5,69 profissionais por mil habitantes.
Dos médicos que atuam em Curitiba, 53,1% são homens e 46,9%, mulheres. Os especialistas são 71,5% e os generalistas, 28,5% dos médicos que atendem na capital paranaense.
Para os Conselhos de Medicina, os números apresentados confirmam o equívoco do Governo, que tem defendido o aumento da população de médicos como solução para resolver as dificuldades de acesso aos serviços de saúde no País. Pelos dados, esse crescimento, percebido em nível nacional nos últimos anos, não tem repercutido nas regiões mais distantes e menos desenvolvidas.
Por outro lado, avaliam as entidades, a presença significativa de profissionais, como registrado em alguns estados e municípios, não tem sido suficiente para eliminar problemas graves de funcionamento da rede pública e de acesso aos serviços, decorrentes da falta de qualidade na gestão e da adoção de políticas públicas eficientes no setor.

Seis especialidades concentram 46,8% dos profissionais
Do total de médicos no estado, 67,7% são especialistas, o equivalente a 2,1 especialista para cada generalista. Em Curitiba, o porcentual de especialistas é ainda maior, de 71,5%, com 2,51 especialistas para cada médico generalista.
Juntas, seis das 55 especialidades representam 46,8% dos títulos de especialista no Paraná. Clínica médica lidera, com 2.391 titulados, seguido pela pediatria (2.197), cirurgia geral (2.087), ginecologia e obstetrícia (1.746) e anestesiologia (1.619).
Por outro lado, as especialidadas com menor número de especialistas são genética médica (13), medicina física e de reabilitação (21), radioterapia (42), patologia clínica (43), medicina esportiva (45). Já a especialidade de Medicina de Emergência, criada em 2015 no Brasil, ainda não conta com profissionais no estado.
A situação, inclusive, assemelha-se a do Brasil como um todo: as seis especialidades com mais profissionais concentram 48,6% dos profissionais.

Estado é o quarto em número totais, mas com proporção baixa
Olhando-se cruamente para os números, o Paraná parece viver uma situação confortável. Com 23.661 médicos, é o quinto estado com mais profissionais, atrás apenas de São Paulo (126.687), Rio de Janeiro (59.366), Minas Gerais (48.606) e Rio Grande do Sul (28.931).
Quando analisa-se a razão de profissionais por mil habitantes, contudo, o cenário é completamente diferente. O Distrito Federal tem a razão mais alta, com 4,35 médicos por mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro, com 3,55; São Paulo (razão de 2,81); Rio Grande do Sul (2,56); Espírito Santo (2,40); Minas Gerais (2,30); e Santa Catarina (2,26). Só então, na oitava colocação, é que aparece o Paraná (2,09), com o pior resultado entre os municípios da região Sul e Sudeste.
Por outro lado, a desigualdade da Capital em relação ao interior é menor no Paraná do que na maior parte dos estados. Apenas Palmas (43,2%), Belo Horizonte (36,8%), Vitória (45,7%) e Florianópolis (29,2%) possuem uma distribuição mais equânime que o Paraná.