Começa hoje a contagem regressiva para o início do prazo legal para a realização das convenções partidárias em todo o país. Durante estes próximos 30 dias serão afinados os últimos detalhes das alianças – muitas delas terão como prioridade tão somente o tempo de televisão e quase nada sobre questões programáticas das legendas. 
Os prognósticos apontam para um ineditismo nesta eleição que se avizinha: a perda de musculatura dos grandes partidos, como PT, PSDB e PMDB, principalmente nas disputas majoritárias. Aflora nos quatro cantos do país candidaturas que, até então, eram taxadas como de legendas nanicas. Este protagonismo de “Davi diante de Golias” tem como causa o envolvimento direto dos grandes partidos do país com escândalos de corrupção. Atônitos com tantas delações e fases da Operação Lava Jato, o eleitor parece, ou pelo menos dá pistas, de responder nas urnas ao escracho moral promovido por uma casta de políticos. 
Aqui pelas terras das Araucárias nenhum cientista político arrisca um palpite. O cenário é completamente obscuro — e não somente aos eleitores, mas também aos partidos políticos. Os paranaenses estão diante de três candidaturas: Cida Borghetti (PP), Ratinho Júnior (PSD) e Osmar Dias (PDT). O desempenho de cada um dos três nas pesquisas eleitorais nestes últimos 30 dias antes das convenções vai definir para que canoa cada partido vai. As conversas e reuniões políticas estão a todo o vapor. Não tem dia, hora e local. 
E mesmo fazendo contas e mais contas, os caciques das legendas do Paraná não olham só para o dia 7 de outubro. Eles planejam também um eventual segundo turno e tentarão transparecer coerência para não confundir ainda mais a cabeça do eleitor. 
O Paraná é um exemplo do ineditismo transcrito lá em acima. PSDB, PT e PMDB serão meros coadjuvantes na disputa pelo Palácio Iguaçu. Valerão mais como tempo de televisão, diante da amplitude da legenda, do que presença de palanque.   
A esperança dos políticos no hexa do Brasil
“Noventa milhões em ação. Pra frente Brasil, no meu coração. Todos juntos, vamos pra frente Brasil. Salve a seleção”. As primeiras estrofes da música Pra Frente Brasil, tocada e repetida sempre em época de Copa do Mundo, define bem o sentimento de grande parte da classe política na antevéspera da eleição de outubro. 
Desgastados com tamanha aparição nas páginas policiais, envolvidos com escandalosos casos de corrupção, nada melhor que uma Copa do Mundo para desanuviar a cabeça dos eleitores. Durante cerca de um mês os brasileiros voltam suas atenções para a seleção canarinho. E mais do que qualquer torcedor fanático por futebol, os políticos têm um interesse peculiar. Querem o hexacampeonato para promover o êxtase dos cidadãos brasileiros e assim, quem sabe, passarem desapercebidos nas urnas. 
Falando neles…
Começou ontem e deve se estender pelo dia de hoje o julgamento da senadora pelo Paraná Gleisi Hoffmann – presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) —  no Supremo Tribunal Federal (STF). Alvo de um processo por corrupção, envolvendo o escândalo da Petrobras, Gleisi e o marido Paulo Bernardo, ex-ministro de Lula e Dilma, estão no banco dos réus aguardando a definição de seus destinos.
Mas esta não será a grande tormenta que o casal vai atravessar na Suprema Corte. Uma investigação recém concluída pela Polícia Federal compromete ainda mais Gleisi e Paulo Bernardo – que chegou a ser preso em uma das fases da Lava Jato. 
Os dois estariam no centro de mais um escândalo, desta vez envolvendo a concessão de empréstimos consignados pelo Ministério do Planejamento no período em que Paulo Bernardo comandou a pasta. A PF indiciou o casal por corrupção e lavagem de dinheiro. 
Caberá agora ao ministro Dias Toffoli decidir pela abertura de ação penal contra Gleisi e Paulo Bernardo. Esta, dizem investigadores, tem potencial para tirar o casal do cenário político brasileiro – pelos menos por alguns longos anos.