RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou em relatório que o policial reformado Ronnie Lessa, suspeito de matar a vereadora Marielle Franco em março do ano passado, recebeu em sua conta um depósito de R$ 100 mil em espécie, sete meses após o crime. Segundo a Polícia Civil, o depósito foi feito por ele próprio.


Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz foram presos na terça-feira (12), acusados de terem assassinado a vereadora e o motorista Anderson Gomes -eles negam.


O relatório do Coaf foi citado pelo Ministério Público em um pedido de bloqueio dos bens dos dois suspeitos, aceito pela Justiça. O objetivo é garantir o ressarcimento das vítimas. A informação foi adiantada pela GloboNews e confirmada pela reportagem.


Nesta sexta (15), a Justiça do Rio aceitou a denúncia contra Lessa e Queiroz. Com isso, os dois se tornaram réus e responderão por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima).


Na decisão, o juiz Gustavo Kalil, do 4° Tribunal do Júri do Rio, autorizou em caráter urgente e liminar a transferência dos acusados para estabelecimento penal federal de segurança máxima, a ser indicado pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional).


O juiz entendeu que a transferência é necessária para a garantia da segurança pública do estado, evitando o cometimento de novos crimes, já que, de acordo com o Ministério Público, os acusados teriam ligações com uma milícia composta por policiais militares da ativa.


Os dois também responderão por tentativa de homicídio contra a assessora de Marielle que sobreviveu e por crime de receptação.


A Justiça ainda acatou o pedido da Promotoria pelo bloqueio de todos os bens móveis e imóveis dos acusados.


Chamados a depor em janeiro deste ano, Lessa e Queiroz, de acordo com a denúncia, se encontraram pouco antes em um restaurante para combinar as versões e dificultar as apurações.