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A alta de adolescente Alisson Louback, de 16 anos, do Hospital Pequeno Príncipe (HPP), em Curitiba, no último domigo (31) foi emocionante para a família e para toda a equipe médica. Afinal, ele lutaram juntos contra a covid-19 durante 41 dias e não foram poucos os momentos de desespero. Neste período, Alisson teve uma parada cardíaca, os rins dele pararam, ele teve 95% do pulmão tomado pelo vírus e ainda passou por duas cirurgias no cérebro. A mãe dele, Simone Louback, contou para a reportagem do Bem Paraná que a família chegou a ser chamada para se despedir de Alisson: “Foram momentos muito difíceis e desesperadores, mas nunca perdemos a fé e agora ele está conosco em casa, ainda se recuperando, porque o Coronavírus maltrata muito o paciente, mas está conosco. Tivemos muita fé e fomos recompensados”.

Simone e o pai de Alisson também testaram positivo para coronavírus, após a confirmação do vírus no adolescente,  mas foram assintomáticos. Simone contou que Alisson não apresentou nenhum dos sintomas mais comuns no início da doença, como tosse, febre, dor no corpo e nem falta de ar. No caso dele, tudo começou com uma convulsão. A evolução diferente desde o início pode ter acontecido por ele ter um quadro clínico preexistente: Alisson nasceu com mielomeningocele, uma má formação na coluna, que também causa pressão alta e por isso faz acompanhamento neurológico. “Ele não tinha convulsões há muitos anos, por isso corremos rapidamente para o hospital, onde já perceberam que o pulmão estava bastante comprometido e por isso pediram o exame para covid-19. Ele teve que ser entubado e ali começava a nossa via sacra”, relembra Simone. Uma semana depois de internado, o tratamento já não evoluia e ele teve uma parada cardíaca e ficou quatro minutos ‘apagado’ e os rins pararam de funcionar também, quando a família foi chamada para se despedir do adolescente. “Eles já tinham feito tudo que podiam pelo Alisson. Foi muito triste, mas daí ele começou a reagir e mesmo com a maior parte do pulmão tomada pelo covid-19, ele respirava sem ajuda, conversava. Foi um milagre”, conta a mãe de Alisson. Quando ele estava melhorando, no entanto, uma sonolência chamou a atenção dos médicos. Nos exames, descobriram que a válvula que ele tinha no cérebro havia parado de funcionar e ele estava com água no crânio. E Alisson foi para a mesa de cirurgia para que uma nova válvula fosse implantada, mas do lado de fora, porque ele ainda não havia se livrado do covid-19. “Alisson demorou 31 dias para ficar livre do coronavírus, enquanto a maioria das pessoas demora de 14 a 20 dias. Só depois que o exame atestou ele como recuperado, ele voltou para a sala de cirurgia para implatar a válvula dentro do cérebro”, lembra Simone. 

Com Alisson em casa, seguro, Simone diz que só tem a agradecer a Deus e a toda a equipe do Hospital Pequeno Príncipe: “Por causa das regras do covid-19 nós não podíamos visitar Alisson como gostaríamos. Então a equipe foi a família dele. Não é fácil também para as enfermeiras o isolamento e elas cuidaram tão bem dele. Conversaravam, brincavam, cuidavam. Quem luta contra essa doença não pode perder a fé, independente das dificuldades”. 

O HPP registrou desde o início da pandemia 11 casos confirmados de covid-19 entre crianças e adolescentes. Oito deles estão recuperados e uma criança morreu.