Reprodução / Twitter – Alberto Fernandez

O candidato Alberto Fernandez venceu a eleição presidencial na Argentina, realizada neste domingo (27). Às 22 horas, com 90,1% dos votos apurados, ele tinha 47,6%, contra 40,8% do atual presidente, Mauricio Macri.

De acordo com a lei eleitoral da Argentina, o primeiro colocado nas urnas será eleito em primeiro turno se tiver 45% dos votos. Ou se obter 40%, desde que tenha 10 pontos porcentuais a mais que o segundo colocado.

A vitória de Fernandez foi cravada pela imprensa argentina antes mesmo do fim da apuração. Isso porque, matematicamente, ele não tem como ser ultrapassado por Macri, faltando pouco menos de 10% dos votos para apuração.

Em discurso realizado às 22h25 do domingo, Macri reconheceu a derrota. “Vamos seguir trabalhando juntos pelos argentinos”, disse. “Felicitei Fernández e o convidei para uma transição ordenada.”

Um dos planos de Fernández para estancar a crise econômica é congelar os preços por 180 dias e garantir um aumento salarial de emergência – a inflação acumulada no último ano está perto de 60%.

Candidato do movimento peronista, Fernández era o favorito na eleição, enquanto Macri tentaava se reeleger em um quadro de recessão econômica, com inflação mensal de 5% e aumento da pobreza. A vice do presidente eleito será Cristina Kirchner, que foi presidente da Argentina entre 2007 e 2015 e foi acuada por denúncias de corrupção desde que deixou a presidência. Atualmente ela é senadora.

Sem nunca ter sido eleito para um cargo no Executivo, mas também sem histórico de submissão, Fernández foi escolhido em maio por Cristina para encabeçar a chapa presidencial peronista. Ele havia sido chefe de gabinete de Néstor Kirchner e da própria Cristina, com quem se desentendeu em 2008.

Em agosto, nas primárias que servem como simulado da eleição, o professor universitário de 60 anos surpreendeu ao abrir 16 pontos de vantagem sobre Macri.

Predomina entre os analistas, mesmo entre os mais críticos ao kirchnerismo, a opinião de que Fernández exercerá o poder se vencer. “Será um governo em que ele comandará, pois o presidencialismo é muito forte na Argentina. Mas o segredo dessa chapa é ter conseguido reagrupar o peronismo. Os governadores terão um papel fundamental, e Cristina também terá o seu”, avalia o analista político Sergio Berensztein. Os governadores têm forte influência sobre o voto dos senadores argentinos, o que em geral é usado para aprovar projetos em troca de liberação de recursos.

Para Berensztein, o cálculo político de Cristina levou em conta também o resultado de eleições regionais em que ela apoiou candidatos radicais e perdeu, casos das províncias de Neuquén e Mendoza. “Ela viu que essa estratégia não daria certo. Não escolheu Alberto apesar de ele ter um estilo diferente do dela. O escolheu justamente por ser diferente, apresentar-se como moderado.”