Divulgação/Assessoria de Imprensa

O Brasil, assim como o restante do mundo, está vivendo a maior alta da inflação da última década. Contudo, diversos outros países já mostram sinais de que a crise econômica está sendo contida, enquanto a situação nacional sofre com uma combinação de pressões inflacionárias ainda sem perspectiva de melhora no curto prazo.

Segundo Mariana Gonzalez, especialista em mercado financeiro do ISAE Escola de Negócios, o ápice da inflação é relativo ao choque de oferta. “Os estímulos utilizados para tentar evitar a crise econômica em meio a pandemia geraram um excesso de demanda em um curto espaço de tempo. Somado às restrições de funcionamento que foram impostas durante os períodos de lockdown, tivemos a quebra da cadeia produtiva e o aumento da distância entre o volume demandado e ofertado”, explica.

Outro fator relacionado é a instabilidade política que o Brasil está atravessando, que gera uma piora na confiança por parte do mercado e desfavorece a relação cambial da moeda nacional. “A base da cadeia produtiva é intimamente atrelada ao dólar, isso significa que uma piora no câmbio aumenta o nosso custo de produção”, diz a especialista do ISAE. Para completar, a forte alta no preço dos combustíveis e a crise hídrica devido à escassez das chuvas elevaram também o preço da energia elétrica, o que não só repercute diretamente no bolso do consumidor, mas também implica em um maior custo de distribuição e produção.

“Todos esses fatores combinados resultam em um círculo vicioso que manterá a inflação elevada por mais algum tempo e, sem dúvidas, com reflexos que serão sentidos ainda no primeiro semestre de 2022”, aponta. Possivelmente, não nos patamares atuais de 10,67% acumulado nos últimos 12 meses, mas podemos nos surpreender com o índice acima de 4,79% em 2022, como projeta o boletim Focus do Banco Central.

Para sair desse ciclo, Mariana Gonzalez explica que a manobra de controle de inflação que está sendo utilizada pelo Banco Central é a redução de estímulos fiscais com o aumento dos juros (SELIC). “Essa manobra é eficaz, mas terá seus efeitos apenas no prazo de 6 a 12 meses à frente. Além de apresentar uma consequência maléfica para a economia do país, pois funciona como um freio de atividade econômica”, conta. O resultado é um crédito mais caro, redução do consumo e menos dinheiro em circulação.