José Cruz/Agência Brasil – Jean Wyllys: Bolsonaro e filho comemoraram

Reeleito pela segunda vez para a Câmara Federal, o deputado Jean Wyllys (PSOL/RJ) anunciou que vai abrir mão do mandato e não pretende voltar ao Brasil. Em entrevista à Folha de São Paulo, Wyllys – que está de férias fora do País – diz que vai se dedicar à vida acadêmica, e não planeja retornar ao Brasil em razão das ameaças de morte que vem sofrendo desde o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), em março do ano passado. O parlamentar vive sob escolta policial desde então.
Segundo ele, também pesou em sua decisão de deixar o país as informações de que familiares de um ex-PM suspeito de chefiar milícia investigada pela morte de Marielle trabalharam para o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante seu mandato como deputado estadual pelo Rio. “Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário”, disse Wyllys. “O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”, avalia.
Em sua conta no Twitter, Wyllys publicou um agradecimento a seus apoiadores. “Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé!”. A mensagem veio na sequência da informação dada à Folha de S. Paulo de que o deputado está deixando seu mandato e se mudando do País por estar sofrendo sucessivas ameaças de morte.
Ainda no Twitter, Wyllys comentou o motivo da mudança: “Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores”, escreveu. Jean Wyllys foi o primeiro parlamentar assumidamente gay a defender a causa LGBT no Congresso Nacional. Ele alcançou projeção nacional após vencer o reality show Big Brother Brasil, da TV Globo.
Comemoração – Também na sua conta do Twitter, o deputado federal fixou um post de abril de 2018 com um vídeo mostrando ameaças de morte a ele pelas redes sociais, além de acusações de pedofilia e pornografia infantil. O vídeo também associa a vereadora carioca assassinada, Marielle Franco, do mesmo partido de Jean, como personalidade política que também sofreu ameaças de morte.
Em resposta, o presidente Jair Bolsonaro postou em seu perfil no Twitter a mensagem “Grande dia!”. Seu filho, o vereador do Rio, Carlos Bolsonaro, escreveu “Vá com Deus e seja feliz!”. Por outro lado, políticos de partidos de esquerda têm mostrado apoio a Jean em suas postagens.