Frankin de Freitas – Mercado precisou se adaptar ao novo perfil do consumidor

O ano de 2022 começou em Curitiba com a demanda pela locação de imóveis residenciais em alta, num movimento fortalecido pela previsão de retorno às aulas presenciais em instituições de ensino superior e a volta das atividades presenciais em muitas empresas. Mas se a procura por um imóvel para alugar está alta, por outro lado o mercado encara um cenário de queda na oferta por conta da migração de investimentos em imóveis para outras modalidades de renda, como títulos de renda fixa, e também por causa de uma mudança no perfil de residência buscada pelos locatários.

O que acontece, em suma, é que com a taxa básica de juros (Selic) elevada para 9,25% em dezembro e estimada em 11,5% para 2022 (boletim Focus), muitos investidores resolveram migrar seus investimentos para títulos públicos, um investimento sem risco e com boa rentabilidade. Com baixa oferta de imóveis e a inflação em alta, contudo, a tendência é de os valores de locação subirem ainda mais, sendo que no ano passado o preço médio de locação de imóveis residenciais acumulou alta de 14,18%, segundo o Índice FipeZap de Locação Residencial.

De acordo com Lucas Delagnelo, gerente geral de locações da JBA Imóveis, o primeiro trimestre do ano já costuma ser marcado pela alta demanda na locação de imóveis residenciais, principalmente por conta de trabalhadores que vivem em outras regiões e estão de mudança para a capital paranaense ou mesmo estudantes que estão buscando um imóvel antes de iniciar o ano letivo.

Ao longo da pandemia, porém, houve uma importante mudança no perfil de imóvel buscado pelos inquilinos. Por exemplo, aqueles que moravam em imóveis pequenos, sem integração com ambiente externo, procuraram se mudar para imóveis com espaços maiores e integração externa. Um perfil de imóvel mais escasso no mercado.

“A pandemia trouxe essa mudança no perfil de clientes, [com a demanda passando de] apartamentos pequenos, em regiões mais centrais, para bairros como Uberaba, Jardim das Américas e Boa Vista. Regiões com fácil acesso ao Centro, cujos imóveis são maiores, tem uma sacada, um quintal na frente ou nos fundos”, explica Delagnelo, apontando ainda que essa é uma tendência que deve persistir até mesmo no pós-pandemia. “Essa demanda vai continuar existindo, até porque muitas empresas vão adotar o sistema híbrido de trabalho. Essa busca vai continuar existindo”.

Ainda segundo o gerente da JBA Imóveis, o setor imobiliário como um todo tem dificuldade em conseguir captar imóveis como sobrados e casas em condomínios porque a disponibilidade é pequena e a demanda, muito grande. “Loca muito rápido, tem rentabilidade interessante. Mas a procura é muito superior ao que tem de oferta, o que faz virar ainda mais disputado entre as imobiliárias”, explica.

Apesar disso, nos últimos meses já foi possível notar, também, o retorno da demanda na busca por imóveis menores e em regiões mais centrais. “Estúdios, apartamentos mais compactos, a procura deu uma acelerada e está normalizando próximo do que tínhamos antes da pandemia. O patamar ainda não é o mesmo, mas deu uma melhorada”, comenta o especialista.

Tendência é de novo aumento no preço do aluguel

Com uma procura alta por imóveis residenciais para locação, aliado a um cenário de baixa oferta de unidades e inflação em alta, a tendência para 2022 é de nova alta no preço médio do aluguel, desta vez numa variação mais próxima da inflação, contudo. “O valor do reajuste dos aluguéis não deve ficar muito longe disso [inflação]. Temos baixa oferta de imóveis, uma procura bem forte e neste ano vão estabilizar muitas coisas: com as instituições de ensino, as empresas voltando pro presencial, retorna a procura por imóveis mais centrais”, diz Lucas Delagnelo, gerente geral de locações da JBA Imóveis.

De acordo com o Índice FipeZap de locação residencial, ao final do ano passado o preço médio da locação na cidade estava em R$ 23,71 por metro quadrado. Os bairros mais representativos no índice são o Bigorrilho (R$ 27,1/m²), o Batel (R$ 26,5/m²), o Juvevê (R$ 25,3/m²), o Cabral (R$ 24,4/m²), o Água Verde (R$ 23,1/m²), o Centro (R$ 22,5/m²), o Portão (R$ 22,5/m²), o CIC (R$ 22,2/m²), o Jardim Botânico (R$ 21,5/m@) e o Ahú (R$ 19/m²).

Mercado

Investir em imóveis para locação ainda é uma boa

Embora outros tipos de investimento tenham se tornado mais atrativos com a mudança na tax básica de juros, investir no mercado imobiliário, e especialmente num imóvel para locação, ainda pode ser um bom negócio em Curitiba. “Temos de analisar não só o ganho com locação, mas também o ganho [de valor] do imóvel. Tem de analisar esses dois ganhos e ver que, quando o imóvel tem uma boa localização, impacta na locação também. Se comparar, acaba até sendo mais atrativo a locação”, aponta Lucas Delagnelo.

Além disso, o gerente geral de locações da JBA Imóveis também destaca um diferencial que a imobiliária aos proprietários, a fim de levar mais segurança aos clientes em meio às turbulências do mercado, o que permite manter em dia o aluguel, as taxas de IPTU e de condomínio, em caso de inadimplência do inquilino. “Temos garantias locatícias muito interessantes, que tiram o fiador do caução e fazem com seja possível garantir o aluguel, IPTU e taxa de condomínio proprietário em caso de inadimplência do inquilino. Isso é bom para quem loca, que tem essa segurança, e também pro inquilino, que não precisa ir atrás de fiador.”