
O candidato mais jovem às eleições de 2018 no Paraná vem de Curitiba. Aos 19 anos, o estudante de Filosofia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Júlio Soares decidiu registrar sua candidatura a deputado estadual, mesmo sabendo que a lei prevê que os candidatos a esse cargo precisam ter pelo menos 21 anos na data da posse. A ideia dele – que já demonstrava interesse na política desde a pré-escola, quando foi orador de sua turma – é justamente questionar essa restrição à entrada dos mais jovens na vida pública.
Soares conta que inicialmente, seu plano era ser candidato a vereador em 2020, quando já teria completado 21 anos. Por lei, o candidato a vereador tem que ter pelo menos 18 anos. “Como eu já levo essa bandeira da juventude, da renovação da política, porque não enfrentar o sistema, enfrentar essa legislação que a meu ver é injusta”, afirma. “Eu posso trabalhar aos 14 anos, votar aos 16, eu tenho meus direitos civis quase totais aos 18 anos, mas não posso me candidatar a um cargo eletivo”, critica, lembrando do caso do deputado federal João Rodrigues (PSD/SC), que mesmo condenado por crimes contra a lei de licitações e cumprindo pena de 5 anos e 3 meses em regime semiaberto, conseguiu uma liminar do Superior Tribunal de Justiça para registrar sua candidatura à reeleição à Câmara dos Deputados nas eleições deste ano. “Eu que sou ficha limpa, preencho todos os requisitos que a legislação pede fora a questão da idade não posso estar participando? É isso que a minha candidatura está vindo para confrontar”, diz o candidato da Rede.
A princípio, ele admite que os advogados do próprio partido lhe alertaram que a candidatura tende a ser indeferida pela Justiça Eleitoral. Soares resolveu insistir assim mesmo, e a direção da legenda acabou comprando a briga. “Fomos aprovados por aclamação na convenção”, conta.
Em razão da polêmica jurídica, o estudante relata que ainda não conseguiu começar de fato a campanha, já que passou os últimos dias em contato com advogados e reunindo documentos para sustentar sua tese. A intenção, segundo ele, é conseguir pelo menos uma liminar – ou seja, uma decisão temporária da Justiça – para manter a candidatura, e levantar essa bandeira. “Para mim seria uma vitória essa liminar”, confirma. “O próprio sistema restringe ainda mais o acesso da juventude e da renovação da política”, aponta Soares.
Junho de 2013
Outra bandeira do jovem candidato é chamar a atenção do eleitorado para a importância de escolher bem o voto para o Legislativo. “O povo nunca sabe em quem vota para deputado federal, estadual, senador. Eu também tenho levantado essa bandeira. De que o Legislativo, na verdade é a parte mais importante até que o Executivo. No Congresso, Assembleia é onde se moldam as leis”, explica.
Para Soares, um dos marcos do crescente engajamento dos jovens na política foram as manifestações de junho de 2013, das quais ele diz ter participado. “A partir de 2013 a juventude começou a se levantar em relação à política. Até então era uma coisa mais distante. 2013 serviu como um catalisador”, acredita.
O candidato da Rede não considera que a reação conservadora que ocorreu desde então no País, com o crescimento de candidaturas de direita como a do presidenciável e deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), mesmo entre os mais jovens, tenha sido deflagrada por essas manifestações. Para ele, o conservadorismo é cíclico e fruto muito mais do ambiente familiar. “Eu acredito que hoje tem uma massa muito maior de jovens progressistas do que conservadores”, afirma.
Militante histórico do MDB concorre aos 80 anos
O candidato de idade mais avançada entre os concorrentes às eleições de 2018 no Paraná é o aposentado Sebastião Domingues Moreira, que em novembro, completa 81 anos. Morador da região do Pinheirinho, ele é conhecido como o “Barão da Kombi Verde” – nome que utiliza na urna. O apelido, segundo ele, surgiu em virtude da semelhança física que os amigos enxergavam nele por conta dos longos bigodes com a imagem do Barão do Rio Branco que estampava as cédulas de 1 mil cruzados, nos anos 80, durante o governo José Sarney.
Militante histórico do MDB, Moreira conta que começou a atuar no partido em 1974, em Campo Mourão (região Noroeste). Na época, o Brasil vivia o bipartidarismo, e a legenda era a sigla oficial de oposição ao governo militar. Chegou a ser vice-presidente da sigla na cidade.
Em 2012, já em Curitiba, concorreu a vereador da Capital, fazendo 171 votos, a maioria na região do bairro Pinheirinho. Ele conta que na época, por conta de um problema de saúde, não pode se empenhar mais na campanha.
Em relação ao cenário político paranaense, o “Barão” não acredita que a oposição entre na disputa fragilizada, por conta da desistência do ex-senador Osmar Dias (PDT) de disputar o governo, e do lançamento, na última hora, do deputado federal João Arruda (MDB), sobrinho do senador e candidato à reeleição, Roberto Requião (MDB), como candidato da sigla ao Palácio Iguaçu. Demonstrando irritação com a atitude de Osmar, a quem se nega a nomear durante a entrevista, ele garante: “nós vamos dar o troco nele”.