Reprodução – Imagem de câmera de segurança mostra bolsonarista chegando ao local da festa e atirando contra aniversariante

Após afirmar nesta sexta-feira (15 de julho) que o inquérito policial que apura o assassinato de Marcelo Arruda havia sido concluído, a delegada Camila Cecconello, responsável pelo caso, admitiu na noite de ontem que a perícia no celular do bolsonarista Jorge Guaranho, o assassino, pode trazer fatos que venham a alterar os rumos da investigação.

Em entrevista à repórter Isabela Camargo, da GloboNews, a policial explicou que uma das primeiras providências tomadas pela polícia foi solicitar a apreensão do celular de Guaranho para acessar os conteúdos no equipamento. Essa análise, contudo, ainda não foi feita e, como o prazo para entregar o inquérito terminaria na próxima terça-feira (19), ela disse que o inquérito foi finalizado com os elementos já apurados para evitar a soltura do assassino.

“A extração dos conteúdos desse celular é importante, sim, porque no celular muitas vezes o autor pode ter comentado que ia fazer, pode ter dado alguma opinião. Então, a análise do celular é muito importante, sim, e pode trazer algum elemento novo na investigação”, disse a delegada.

O policial penal Jorge Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e perigo coletivo, ao oferecer risco para as outras pessoas. No último sábado, ele invadiu a festa de aniversário do guarda municipal de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, e colocou uma música em apoio a Bolsonaro para tocar em seu veículo. A provocação deu início a uma confusão e Guaranho chegou a ir embora do local do assassinato e voltou para casa, deixando o filho bebê e a esposa na residência. Depois, porém, voltou para a festa (um evento particular para o qual não havia sido convidado) e começou a atirar contra o aniversariante, que revidou e também alvejou o assassino, que está internado.

De acordo com a investigação, o atirador foi ao local onde cometeu o crime para “provocar” os participantes da festa. Só que a Polícia Civil entende que não há prova suficientes para constatar crime de ódio com motivação política. E isso se baseia, principalmente, no depoimento da esposa de Guaranho. “Não há provas de que ele voltou para cometer crime político. É difícil falar que ele matou pelo fato de a vítima ser petista. Ele voltou porque se mostrou ofendido pelo acirramento da discussão”, defendeu a delegada.

A conclusão da polícia, no entanto, é contestada pela defesa e pela família da vítima, que já reafirmaram que a motivação do crime foi intolerância política.