Divulgação – “Jason Momoa como Aquaman: meio bu00e1rbaro e meio marrento”

Para que filmes de super-heróis tenham credibilidade, os produtores são obrigados a se esforçar para achar o ator certo. Normalmente, alistam-se atores que tenham a cara do personagem e depois fazem com que ele se encha de músculos. Casos de Henry Cavill (Superman), Gal Gadot (Mulher-Maravilha), Chadwick Boseman (Pantera Negra), Chris Evans (Capitão América) e até Chris Hemsworth – toda vez que ele vai fazer um Thor, ele precisa de uma preparação especial. No caso de Aquaman é diferente. Pegam um fortão primeiro e depois fazem com que ele fale os diálogos sem comprometer. Era como se tivessem alistado Sylvester Stallone ou Arnold Schwarzenegger nos anos 80. Jason Momoa é um dos fortões do momento. Seus dois papeis mais relevantes – Kral Drogo, de ‘Game of Thrones’, e o Conan, no reboot do filme do bárbaro – requerem mais músculos que palavras. Nessa seara de filmes de heróis de HQs, Momoa estava dando sopa para interpretar quem aparecesse primeiro. Calhou de ser o Aquaman, que agora ganha seu próprio filme – a estreia é nesta quinta-feira (13).

Aquaman foi criado em 1941 com base nos quadrinhos ingênuos e idealistas dos anos 40. De lá para cá, diante de gente como Batman, Superman e Mulher-Maravilha, virou um herói de segunda linha. Se fosse pegar um ator para isso, tinha que ser um loirinho de olhos angelicais, tipo Matt Damon. Uma reportagem do ‘Bem Paraná’ de 2011 até sugeria que fosse o nadador brasileiro César Cielo (loirinho, olhos angelicais e nadador exímio). Ao escolher Jason Momoa, a Warner aproxima-se mais do Aquaman dos anos 90, época em que os quadrinhos da DC sofreram um evento apocalíptico – a crise Zero Hora – e muitos personagens foram reformulados. Aquaman foi um deles. Ficou cabeludo, perdeu uma mão – comida por piranhas – e virou um herói cínico com visual de roqueiro. Como, aliás, já se viu em ‘Liga da Justiça’ (mas com as duas mãos). Um herói que tem superforça, que respira embaixo d’água, que se comunica com as criaturas marinhas, que suporta as pressões do fundo do mar. 

Aquaman já é conhecido no cinema. Já se juntou à Liga da Justiça. Já ajudou a derrotar o Lobo da Estepe. Agora finalmente mostra-se quem ele realmente é – algo que, na real, nem ele sabe muito bem. Ele nasceu como Arthur Curry, filho de um faroleiro maori com uma nobre de Atlântida. Ele era considerado a ponte entre os mundos da terra (o do pai) e o dos mares (o da mãe). A mãe (interpretada por Nicole Kidman) sacrifica-se para salvar o filho e o homem a quem ama. Some da vida dos dois. O pai nunca deixa de esperar, mas Arthur convence-se de que ela morreu. Ele ainda passa o tempo ajudando vilarejos e lutando contra piratas. Até que recebe a visita de Mera (Amber Heard), que praticamente o força a assumir sua porção anfíbia e assumir o trono de Atlântida para conter o meio-irmão, Orm (Patrick Wilson), que pretende declarar guerra ao povo da superfície (parênteses: Wilson tem um visual muito mais similar ao do Aquaman almofadinha dos anos 40 e o filme faz questão de ressaltar isso). Para ser aceito no fundo do mar, Arthur precisa se apossar do tridente de ouro do mítico rei Atlan. Para isso, terá a ajuda de Mera. O mundo submarino, porém, é mais complexo do que parece. Nem todos os reis dos sete mares apoiam a iniciativa belicista de Orm. E Arthur, uma vez lá, é tratado como um mestiço – inclusive pelo irmão. Um eufemismo para a não aceitação de diferenças, algo que contamina qualquer sociedade. 

James Wan, o diretor, mescla com eficiência três influências primordiais. Uma delas, a HQ ‘Legend of Aquaman Special’, de 1989, que reconta a origem de Aquaman e traz um herói relutante, ainda sem a noção completa dos seus poderes, diante de uma crise no mundo submarino. Outra, Julio Verne, autor de ‘Vinte Mil Léguas Submarinas’ e ‘Viagem ao Centro da Terra’. A terceira, Ray Harryhausen, um gênio dos efeitos especiais de antigamente no cinema. Muitas das criaturas vistas no filme, como os moradores do reino das Fossas, parecem vindos de ‘As Aventuras de Simbad’, cujo efeitos Harryhausen criou num tempo em que nem se sonhava com CGI. Wan vai além com isso em mãos,  entrega um longa com visual caprichado – principalmente nas cenas submarinas. Além disso, sua direção faz com que o bom humor não soe forçado como as falas do Flash em ‘Liga da Justiça’. 

‘Aquaman’ consegue escapar da “maldição do Batman” no que diz respeito aos filmes de heróis da DC Comics. Os três Batman de Christopher Nolan guiaram a estética dos demais, mas essa estética ultrarrealista só funcionou com o Batman. ‘Homem de Aço’ é trágico demais para o Superman. ‘Lanterna Verde’ é desconexo demais. ‘Batman vs Superman’ é decepcionante demais. ‘Liga da Justiça’ é denso demais, por ter herdado as decepções de ‘Batman vs Superman’. ‘Esquadrão Suicida’ é ruim demais. ‘Mulher-Maravilha’ é a exceção, graças ao belo trabalho de Patty Jenkins – sábia o suficiente para escapar da maldição-Batman. ‘Aquaman’ está mais perto disso. E tem Jason Momoa. Ele não é só uma montanha de músculos; ainda sabe recitar diálogos, mesmo que usar o cérebro não seja a melhor qualidade do herói. Está quase sempre com um sorriso no rosto – até mesmo quando Mera o chama de “imbecil”. E não dispensa uma cervejinha. Meio bárbaro, meio marrento, sua presença é mais que um personagem como Aquaman poderia sonhar.

Arthur/ Aquaman 
(Jason Momoa)

‘Mestiço’, meio humano meio atlante, com superforça e invulnerabilidade. Tem o poder de se comunicar com os animais marinhos. 

Mera 
(Amber Heard)

Princesa de um dos sete reinos marinhos, tem o poder de manipular água. Vai atrás de Arthur quando os mares se encaminham para uma guerra

Vulko 
(Willem Defoe)

Conselheiro do trono atlante. Durante anos, foi mentor secreto de Arthur, ajudando-o a descobrir e dominar seus poderes na infância e adolescência

Orm 
(Patrick Wilson)

Irmão de Arthur por parte de mãe e herdeiro de um dos reinos dos sete mares. Dúbio e ambicioso, planeja entrar em guerra contra o povo da superfície

Arraia Negra 
(Yahya Abdul-Mateen II)

Pirata somali que jura vingar-se do Aquaman quando perde o pai, também pirata – Arthur não o salvou em uma situação-limite dentro de um submarino