O caso da menina de 9 anos que havaia sido estuprada e interrompeu a gravidez de gêmeos causou comoção e revolta, mas a repercussão foi ainda maior pela reação da Igreja Católica ao aborto provocado por médicos. O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, excomungou a mãe e a equipe médica envolvida no procedimento, mas disse na sexta-feira (6) que o padrasto, suspeito de violentar a menina e ser pai dos bebês, não pode ser excomungado.


“Ele cometeu um crime enorme, mas não está incluído na excomunhão”, afirmou Sobrinho. “Esse padrasto cometeu um pecado gravíssimo. Agora, mais grave do que isso, sabe o que é? O aborto, eliminar uma vida inocente”. Quem é excomungado fica proibido de receber sacramentos da Igreja Católica, como batismo, comunhão, crisma e casamento.

A equipe que participou do aborto está recebendo e-mails de médicos do país inteiro. Foram mais de 500 mensagens de apoio até a manhã desta sexta. Para os especialistas, não havia dúvida sobre a necessidade de interromper a gravidez e, sobre essa conduta, não cabe intervenção da Igreja. Abortos em casos de estupro têm, inclusive, amparo legal.          

Por outro lado, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota em que destaca o mandamento “não matarás” e reforça as críticas feitas ao aborto. 


A imprensa italiana publicou, nesta sexta, reportagens afirmando que o Vaticano apóia a decisão do arcebispo de Olinda e Recife. “O tema é muito, muito delicado, mas a Igreja não pode “trair” seus princípios de defender a vida desde a concepção até a vida natural, mesmo diante de um drama humano tão forte”, afirmou o padre Gianfrancesco Grieco, diretor do Pontifício Conselho para a Família, em entrevista ao jornal italiano “Corriere della Serra”.


O caso

A gravidez da criança foi descoberta na semana passada, depois que ela reclamou de dores e foi levada a uma unidade de saúde. Os médicos classificaram a gestação de 15 semanas como de alto risco, pela idade e por ser de gêmeos. Segundo os médicos, a mãe pediu para que o aborto fosse realizado. O padrasto da menina foi preso, suspeito de ter abusado da garota e ser pai dos bebês que ela esperava. Ele deve ser indiciado por estupro. A menina teve alta nesta sexta-feira (6) e passa bem.