Armadilhas fotográficas instaladas em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) na cidade da Lapa, na Região Metropolitana de Curitiba registraram a presença de uma onça-parda (Puma concolor). 

A espécie é o segundo maior felino do Brasil e está presente em todos os biomas brasileiros. A ampla distribuição, porém, não evita o quadro de intenso declínio populacional da espécie nos últimos anos, que se encontra atualmente na categoria “vulnerável” no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção elaborado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O avanço das cidades e da agricultura sobre áreas naturais, gerando o desmatamento e a fragmentação do habitat natural, e a diminuição das presas são algumas das principais ameaças. “Além disso, muitos episódios de caça ainda são registrados na região, diminuindo ainda mais a incidência da espécie”, explica Rômulo Silva, técnico da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS). “Mas o registro de um animal desse porte, topo da cadeia alimentar, é sempre uma boa notícia. A presença da onça-parda ainda indica que os remanescentes florestais da região encontram-se em um bom estado de conservação e isso é essencial para que essa e outras espécies possam cumprir seu ciclo de vida”, finaliza Rômulo.

A manutenção de áreas em bom estado de conservação também traz benefícios socioeconômicos para a região, já que permite que esses animais sejam vistos e admirados, fomentando o turismo de natureza, a pesquisa científica e ações de educação para conservação. Já conhecido por seu turismo cultural e rural, o município da Lapa, conservando seus remanescentes, eleva seu potencial de receber mais turistas e fomentar a economia local. A RPPN protege uma área formada pelos ecossistemas Floresta com Araucária e Campos Naturais, que antes abrangiam grande parte do Paraná, mas hoje estão ameaçados de desaparecer. As câmeras da Reserva também já registraram a presença de outros mamíferos, como a jaguatirica (Leopardus pardalis) e um tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla).

Apoio fundamental

A RPPN em que o registro foi feito conta com o apoio do Programa de Desmatamento Evitado (PDE), desenvolvido pela SPVS há 15 anos. O programa, que aproxima donos de propriedades com áreas de vegetação nativa e empresas interessadas em apoiar iniciativas de conservação da biodiversidade, atua pelo quinto ano consecutivo com atividades de campo e monitoramento da biodiversidade na reserva local. “Além disso, o PDE também atua com auxílio aos proprietários no manejo e manutenção da RPPN, e na mobilização política pela conservação voluntária, organizando encontros entre proprietários e representantes do poder público”, explica Marcelo Bosco, coordenador do Programa.