Valquir Aureliano – José Cechin e um dos instrumentos produzidos por ele: já fez cerca de 50

Partindo do pressuposto de que todo mundo tem um pouco de artista dentro de si, não é difícil conhecer alguém que possua uma ligação forte e verdadeira com a música. Levante a mão quem nunca pensou em aprender a tocar algum instrumento. Começando pelo violão, passando por guitarra, baixo e bateria, entre outros, o mundo musical sempre foi palco de enorme interesse e estudo, por pessoas de diferentes gerações.

E como toda área que funciona à base de renovação e mudanças, não seria diferente na parte relacionada às ferramentas musicais. Uma das invenções mais interessantes surgidas no ramo é a cigar box guitar. Surgida nos EUA, depois da depressão econômica de 1929, ela possui, desde os seus primórdios, o uso de materiais diversos, como caixas de charutos, tendo sido modernizada pelos seus artesãos, com o passar dos anos.

Segundo José Cechin, músico amador que tomou como profissão o artesanato dos peculiares instrumentos, a fabricação das guitarras pode datar de muito tempo atrás: “O pessoal que resgatou o cigar box guitar tentou fazer um revival dos instrumentos usados no final do século 19 para o século 20. Mas eu acredito que todo esse processo deve ser bem mais antigo”.

Após se formar em prótese odontológica, José se decepcionou com os rumos dessa profissão e descobriu, na arte de fabricar os instrumentos, a sua verdadeira vocação. “Sou músico amador há 20 anos. Depois que tive a decepção com a área na qual me formei, comecei a fazer artesanato em madeira, marchetaria, entre outros. No começo foi difícil, mas com a prática fui conseguindo aperfeiçoar a técnica”.

Para ele, a grande funcionalidade da cigar box, em relação à guitarra comum, é o fato dela ser minimalista: “O espaçamento entre as cordas, na cigar box, é maior. Pode-se fazer guitarras de uma, duas, três cordas, o que facilita o uso do slide (técnica normalmente usada em sons mais voltados ao blues e ao country). A diferença da cigar box é calcada no estilo, basicamente, e quem curte blues e rock tende a gostar bastante do uso. O timbre acaba sendo um grande diferencial, dentro do resultado final.”

“Em se tratando do material-base da cigar box, que são as caixas de charuto, também existe a possibilidade de produzir outros instrumentos, segundo José. “Com a experiência que adquiri, posso garantir que é possível construir contrabaixo, ukulele, instrumentos de percussão, ocarina. Não é um processo fácil, mas é animador ver o produto pronto”. Até um violão quadrado já foi fabricado por José, no meio de todas as possibilidades que o uso das caixas fornece.

Com aproximadamente 50 cigar box fabricadas desde o começo dos trabalhos, José trabalha com uma média de uma a duas guitarras por mês, sempre fazendo os instrumentos por encomenda e obedecendo o senso estético do cliente. “Um público muito diverso me procura para solicitar o instrumento, de advogado a funcionário público. Para alguns, a cigar box serve como souvenir, já outros solicitam por, realmente, admirarem o som possibilitado por ela”. José só tem uma ressalva: diz que, desde que começou a se dedicar à fabricação da cigar box, nunca foi procurado por clientes mulheres, sendo as encomendas todas direcionadas, até agora, ao público masculino.

A fabricação da cigar box pode levar em torno de uma semana, ou 10 dias, dependendo da complexidade do pedido do cliente. Apesar da dificuldade de se conseguir os elementos para a produção do instrumento, José não pretende parar com as suas criações, e se coloca à disposição para quem deseja adquirir esse produto tão peculiar.
Para quem se interessar em adquirir, pode entrar em contato com ele pelo Facebook, na página Coyote Cigar Box & Ukulele Instrumentos Artesanais.