Franklin de Freitas

No currículo, aulas de cidadania, literatura, música, educação financeira, informática e natação, entre outros. A leitura de clássicos como a Odisseia e a Ilíada, de Homero, e a Divina Comédia, de Dante Allighieri, é obrigatória. Parece coisa de escola particular de altíssimo nível, mas na verdade é um projeto social que em mais de uma década ajudou a mudar a vida de milhares jovens curitibanos.
Fundada em 2001, a Associação Ricardo Gadotti Feldmann (Arigaf), localizada no bairro São Lourenço, atende anualmente 140 estudantes (70 no período da manhã e 70 no período da tarde). Oriundos de escolas públicas e com renda familiar de, no máximo, 1,5 salário mínimo per capita, esses jovens têm na instituição a oportunidade de dar um verdadeiro salto cultural e profissional.
“O trabalho que desenvolvemos são aulas de contraturno. Atendemos 140 crianças todos os anos. Eles vem para cá no contraturno escolar para ter aulas de filosofia, literatura, artes, cidadania, natação, inglês, informática, música, educação financeira, teatro… São disciplicas que a criança tem durante três anos e são complementares à escola”, explica Thiago Pacheco, membro da diretoria-executiva da Arigaf. 
Para os alunos, tudo o que é ofertado é gratuito, desde o material-didático até o lápis e borracha que eles utilizarão. Como o número de vagas é limitado, a cada ano é feito um processo seletivo.
“Por volta de agosto as diretoras, as pedagogas das escolas da região já pré-selecionam os alunos de suas escolas que tenham o perfil exigido e começam a mandar a documentação para fazermos a lista de interessados. No começo do ano, então, fazemos o processo seletivo. Neste ano, por exemplo, foram 216 crianças que vieram fazer a prova, das quais 70 entraram no projeto”, explica Pacheco.
O número de ingressantes, contudo, varia de ano para ano, uma vez que as disciplinas ofertadas têm duração de três anos, com aulas de segunda a sexta-feira durante o ano escolar, basicamente.
“Temos algumas parcerias e conseguimos encaminhar nossos destaques para escolas particulares com bolsa de 100%. Nossos alunos  vivem num mundo de maiores possibilidades, maiores horizontes. Um dos nossos objetivos é permitir essa mudança de destino das famílias”, finaliza Pacheco.

Tragédia intensificou espírito solidário de fudadora
A Arigaf surgiu a partir da vontade da empresária Carmen Dolores Gadotti Feldmann em fazer o bem. Antes de fundar a instituição, ela já havia trabalhado como voluntária ensinando inglês e matemática para crianças carentes. A partir da morte de um filho, aos cinco anos de idade, viu se intensificar ainda mais o espírito solidário.
De início, pensou em utilizar o dinheiro que serviria para educar o filho para pagar os estudos de alunos carentes. Em 1999, porém, resolveu expandir a ideia e começou a planejar a criação da Arigaf, contando com o auxílio de profissionais das áreas de educação, psicologia e filosofia. Para os jovens curitibanos, nascia ali uma oportunidade de mudar de vida.
“Há muita dificuldade no começo dessa jornada dupla, mas depois vem um giro de 180º. Temos um histórico de quase 100% dos alunos que terminam nosso programa ingressando na universidade, no mercado de trabalho”, destaca Thiago Pacheco. “Acreditamos que a única forma de sair de onde está e conseguir subir alguns degraus é pela educação. E quando percebe isso, quando o aluno reconhece essa improtância, é um foguete subindo sem freio”, complementa.

Associação Ricardo Gadotti Feldmann (Arigaf)
O que é: Um projeto social criado em 2001 e que atende anualmente cerca de 140 estudantes com idade de 11 a 14 anos, oferecendo no contraturno aulas de natação, inglês, artes, cidadania, literatura, filosofia, música e educação financeira. Os alunos são todos oriundos de escolas públicas e possuem renda familiar de, no máximo, 1,5 salário mínimo per capita.
Site: http://www.arigaf.org.br/
Telefone: (41) 3354-5775 
Endereço: Rua Francisco Krainski, 255, Bairro São Lourenço 
Como apoiar: A instituição trabalha somente com doações de recursos via imposto de renda. Tais contribuições podem ser feitas por empresas ou pessoas físicas. Para este ano, estão trabalhando com dois projetos, um aprovado via Lei Rouanet, no valor de R$ 940 mil, e outro pelo Fundo para a Infância e Adolescência (FIA0, de R$ 850 mil. Para mais informações, entrar em contato com a Arigaf.