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A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) divulgou nota nesta segunda (13), assinada por toda a diretoria, na qual alerta sobre a propagação de tratamentos não cientifícios e diagnósticos inadequados para diversos transtornos mentais (autismo, depressão, esquizofrenia, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno bipolar, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade e outros), feitos por profissionais sem formação adequada em áreas da saúde mental, que se apresentam como “coachs”.

“Muito desses profissionais, que se apresentam como “coachs”, prometem a cura para doenças sérias, que necessitam de tratamento multidisciplinar adequado, o qual deve ser feito por médico psiquiatra em conjunto com psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionistas, fonoaudiólogos e outros profissionais da área de saúde. Acreditamos que essas tentativas de tratamento, além de prejudicarem o indivíduo, podem gerar ainda mais preconceito com os pacientes e profissionais que tratam das doenças mentais. Nesse sentido, é importante frisar que a doença mental tem tratamento médico”, diz a nota, divulgada no Facebook da instituição. 

A ABP enfatiza que  esses profissionais, que se apresentam como “coachs”, podem causar diversos prejuízos não apenas à sociedade, mas aos profissionais que se especializaram durante anos para oferecerem o melhor ao paciente. E alerta que a atuação de coachs em áreas da medicina pode ser configurada no artigo 282 do Código Penal Brasileiro, se entendida como exercício ilegal da medicina e de outras profissões conforme determinado na lei, cuja pena é de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos de detenção. 

Veja nota na íntegra aqui

Reportagem publicada nesta segunda (13) pelo Bem Paraná já alertou que os coachs estão na mira também do Conselho Federal de Psicologia, que  publicou uma nota com orientação aos profissionais psicólogos sobre condutas relacionadas à atuação como coach. A conselhereira Iara Lais Raittz Baratiele Omar, do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR), fez parte do grupo do CFP que elaborou a nota. “A nota do conselho federal é principalmente aos psicólogos que optam por atuar com coach. O conselho não tem a possibilidade de opinar sobre a atuação do coach, porque não é uma profissão da psicologia”, afirma. A conselheira afirma o alerta foi necessário devido ao grande número de psicólogos que aderiu à metodologia. Em razão de coach não ser uma profissão regulamentada, a psicóloga afirma que não há comparação entre os limites da Psicologia com a Psiquiatria, que principalmente nos anos 1990 também foi discutida. “É uma visão particular e peculiar (não tem comparação). Coach não é uma profissão. Psicologia é regulamentada como profissão da área da saúde. Um psiquiatra pode indicar psicoterapia e um psicólogo está ciente de suas restrições por se tratar de uma atuação regulamentada”, esclarece.Uma das características da atuação de coach é a divulgação do trabalho. “Há um apelo midiático que não pode ocorrer na Psicologia. O psicólogo tem uma serie de restrições. Está no artigo 20 do código de ética que é não fazer divulgação”, lembra.