Franklin de Freitas – Passeata contra a intolerância começou na Praça Tiradentes e seguiu até a Praça Eufrásio Corrêa

Curitiba teve neste domingo (15) uma terceira “Passeata Contra Intolerância Religiosa”, que reuniu representantes de diversas religiões. A manifestação na capital paranaense surgiu em 2017, em uma mobilização nacional, depois de ataques sofridos por terreiros de candomblé no Rio de Janeiro. De lá para cá foram duas edições anuais fixas, além de atos extraordinários, como o que ocorreu em julho novamente no Rio, em razão da ação de traficantes contra outro terreiro em Duque de Caxias. Em Curitiba, ocorrências também relacionadas a ataques a terreiros motivaram a mobilização.

Embora as religiões de matriz africana sejam as mais atacadas e tenham especial defesa no ato, os organizadores ressaltam que todas as religiões foram bem-vindas e tiveram espaço no movimento por coexistência pacífica.

O grupo Tambores do Paraná, de proteção à religiões afro-brasileiras, foi quem organizou o ato, que também tem apoio da prefeitura de Curitiba. Maycon Kopp, presidente do Tambores do Paraná e um dos organizadores do evento, diz que o momento é crítico para a diversidade religiosa e que, mais do que nos últimos anos, a participação do maior número de pessoas interessadas na paz se faz necessário. “Com certeza, tem (mais ódio e intolerância do que em outros anos). Algumas coisas aparecem na mídia, como aquela tentativa de incêndio que o pai de santo conseguiu apagar, depois o incêndio e quando roubaram o Terreiro das Marias que estava em obras. Mas algumas coisas que não estão aparecendo, como a agressividade com que forças policiais estão chegando, por exemplo, com muita força, com muitas palavras pesadas, que se intensificaram”, analisa.

Kopp, que coordena o grupo que dá aulas de percussão a diversas entidades, conta que ele próprio presenciou abordagens consideradas por ele abusivas.

Prisão durante passeata

Um homem foi preso pela Guarda Municipal de Curitiba ontem, nas imediações da Praça Eufrásio Correa. Ele estava com uma faca e, no momento da prisão, disse que iriar matar uns 400, segundo denúncia dos integrantes da organização Julho das Pretas do Paraná. Segundo as informações preliminares a autuação foi encaminhada à Central de Flagrantes no bairro do Portão. Não informações sobre pessoas feridas.

Depois de incêndio, terreiro sofreu furto

Entre os relatos de ataques em Curitiba, o mais recente foi sofrido pelo Terreiro das Marias, de Umbanda, que fica no Bairro Santa Quitéria, em Curitiba. O local já havia pegado fogo há pouco mais de um mês, quando foi invadido e furtado na madrugada do dia 8 de setembro último. Os suspeitos, ainda não foram identificados e levaram, inclusive, materiais que estavam sendo utilizados na reconstrução do espaço.

Os responsáveis pelo terreiro das Marias estimam novo prejuízo em torno de R$ 6 mil. Foram levados fios, máquinas de serrar madeira, lixadeira, materiais de limpeza, parafusos e buchas do piso de madeira. Da cantina, os suspeitos levaram ainda um forno elétrico, uma estufa pequena, cafeteira e garrafas térmicas, além de balas, chocolates e salgadinhos.

O terreiro pegou fogo no dia 1º de agosto, dez dias depois de uma dupla ter ateado fogo em um centro espírita em construção no bairro Portão. As chamas consumiram praticamente todo o barracão. No caso do Portão, câmeras de segurança flagraram a ação criminosa. No Terreiro das Marias, no entanto, ainda não há suspeitos relacionados pela polícia.

O Terreiro das Marias será reinaugurado hoje (16). A reconstrução do terreiro foi possível após a arrecadação de R$ 41 mil por meio de uma campanha de doações online, que rendeu o valor liquido após descontos de taxas, de R$ 38 mil. A reinauguração está marcada para às 19 horas. A expectativa é de que cerca de 300 pessoas participem. “Qualquer pessoa pode participar”, diz.