O governo da Austrália anunciou nesta quarta-feira que se juntará aos Estados Unidos em um “boicote diplomático” aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022, na China. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Scott Morrison, que disse que embora os atletas australianos ainda participem da Olimpíada em fevereiro, os representantes oficiais não estarão na capital chinesa.

Em entrevista coletiva em Sydney, o líder australiano disse que “os abusos e questões dos direitos humanos em Xinjiang” foram algumas das preocupações levantadas pelo governo australiano com Pequim. “Estou muito feliz em conversar com o governo chinês sobre essas questões, e não houve obstáculo para que isso ocorresse do nosso lado, mas o governo chinês consistentemente não aproveitou as oportunidades para se reunir conosco e resolver”, afirmou Morrison.

Há meses, ativistas pedem um boicote aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022 por abusos dos direitos humanos cometidos pelo governo chinês em Xinjiang e no Tibete e sua repressão política em Hong Kong.

Pequim foi acusada pelos Estados Unidos e outras nações ocidentais de prender mais de um milhão de uigures de maioria muçulmana em centros de detenção em Xinjiang, onde alguns ex-detentos afirmam que foram torturados, estuprados ou esterilizados à força. A China nega as acusações, dizendo que os campos são centros de reeducação projetados para combater o separatismo e o terrorismo islâmico na região oeste do país.

Ao ser questionado sobre o tema, o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, afirmou que seu país nunca teve a intenção de convidar as autoridades australianas. A decisão de do governo da Austrália “mostra aos olhos de todos que o governo australiano acompanha cegamente a linha de um país”, afirmou Wang, sem citar os Estados Unidos.

“Ninguém se importa se eles vêm ou não, suas manobras políticas e pequenos truques não vão mudar em nada o sucesso dos Jogos Olímpicos”, comentou.

A decisão do governo dos Estados Unidos chegou a irritar o governo da China. “Os Estados Unidos pagarão o preço por suas decisões equivocadas”, declarou na última terça-feira o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian.