Franklin de Freitas – Cleildo José da Silva: espaço de trabalho em dos locais mais movimentados do Centro da cidade

A queda na produção e na venda de jornais e outros materiais impressos transformaram as bancas de revistas e obrigaram os proprietários a reinventar o negócio. Se antes as manchetes dos jornais e as capas de revistas ficavam à vista de todos, agora as bancas passaram a vender café, salgados e bebidas. E a diversificação não para: no calçadão da Rua XV, a mais famosa de Curitiba, já tem até uma agência de publicidade para quem busca melhorar a apresentação nos negócios. 

A ideia foi do publicitário Cleildo José da Silva, de 39 anos. Depois de quase 15 anos trabalhando em um escritório de uma galeria na Rua Riachuelo, Cleildo aproveitou a crise das bancas de revista para se aproximar do público. E o negócio deu certo: além de facilitar o acesso de autônomos e comerciantes do Centro de Curitiba a folders, cartões de visita e flyers, Cleildo aumentou sua clientela desde que se instalou no ponto mais movimentado da cidade.

“Está dando super certo. Hoje quase não se vende mais jornal e doce, o doce é um agregado. Tenho só um metro quadrado de revistas”, diz Cleildo, que nasceu em Tapira, no Noroeste do Paraná, e se instalou banca da Rua XV no início do ano passado. “Foi a fome com a vontade de comer: apareceu a oportunidade e entrei em acordo com o proprietário. A gente vai evoluindo. Hoje as banquinhas têm que partir ainda mais para as conveniências”. 

A rotina é a de uma agência de publicidade: Cleildo faz uma reunião para apurar o perfil dos clientes, orienta a respeito do melhor material para divulgar o serviço e prepara a arte ali mesmo, em um computador. Depois que o cliente aprova o material, encaminha para a gráfica. O cliente retira o produto na banca. O publicitário também trabalha com a criação de sites, mas o serviço não é feito no local. 

O material mais procurado é o cartão de visita, segundo Cleildo: ele recebe em média oito novos clientes por semana. “É o cartão de visita mais barato do Brasil”, garante. A arte custa R$ 50 e o cartão pode ser digital. No caso de cartões impressos, um pacote com mil cartões custa R$ 150 (mais a arte). Já o custo total de um pacote com 5 mil cartões fica em R$ 300 (R$ 50 a arte e R$ 250 a impressão).

Atividade ajuda a girar a economia de todos na região do Calçadão

“Meus clientes são microempresários e autônomos, na grande maioria”, diz o publicitário, que já produz materiais para estabelecimentos comerciais da região, como restaurantes e lanchonetes. “Atendo vários estabelecimentos próximos. Já atendia vários antes, mas novos clientes vieram porque agora estou no meio da Rua XV e a banca foge do conceito das outras bancas, desde o aspecto visual. Coloquei um painel eletrônico e produtos gráficos. Foi a fome com a vontade de comer: apareceu a oportunidade e entrei em acordo com o proprietário”.

A banca de Cleildo também virou um ponto para quem procura emprego ou quer contratar.  Como parte da renda é garantida pelas fotocópias, o publicitário passou a intermediar a entrega de currículos em empresas da região. Hoje, tem um espaço reservado para documentos, que ficam à disposição de pessoas interessadas em contratar. Assim, ao invés de imprimir um currículo, passou a imprimir dez ou vinte de uma vez. “Muitos lojistas vêm aqui e retiram currículos comigo. É mais ou menos uma agência de emprego. De alguma forma estou ajudando a girar a economia”.