Franklin de Freitas – Renato Freitas: censura

Vereadores da bancada evangélica da Câmara Municipal de Curitiba apresentaram denúncia contra o vereador Renato Freitas (PT), pedindo a cassação do mandato do parlamentar por quebra de decoro, por críticas que ele fez aos repasses de verbas públicas para comunidades terapêuticas mantidas por instituições religiosas. Freitas também criticou a defesa feita por vereadores do bloco, do chamado “tratamento precoce” — com medicamentos sem eficácia científica comprovada contra a Covid-19 — e o projeto do prefeito Rafael Greca (DEM) que previa multa contra a distribuição de alimentos à população em situação de rua sem autorização.
A Mesa Executiva da Câmara acatou a representação e repassou a mesma à Corregedoria da Casa, que deve decidir em 30 dias úteis se dá ou não andamento ao processo, encaminhando-o ao Conselho de Ética. A ação, liderada pelo vice-líder do prefeito na Câmara, o pastor Osias Moraes (Republicanos), junto do pastor Ezequias Barros (PMB), pastor Marciano Alves (Republicanos) e Sargento Tânia Guerreiro (PSL), alega suposta intolerância e injúria por Freitas, ao se opor ao posicionamento dos parlamentares em relação às ligações entre igrejas e o Estado e às propagandas do chamado “kit Covid”.
Ezequias Barros, Marciano Alves, Sargento Tânia Guerreiro e o vereador bolsonarista Éder Borges (PSD) apresentaram projeto para que a Secretaria Municipal da Saúde disponibilize, gratuitamente, medicamentos para o suposto “tratamento precoce”. Osias Moraes é vice-corregedor da Câmara.
Segundo a denúncia, Freitas também teria se referido aos vereadores evangélicos como “pastores trambiqueiros” nas redes sociais. “Com isto, o Representado (…) agrediu intensa e profundamente a honra dos Vereadores, extrapolando o limite de sua imunidade, incindindo na quebra de decoro parlamentar”, afirmam.
Incômodo
Para o vereador do PT, que está no primeiro mandato, a ação é uma tentativa de censura por seus questionamentos às práticas da velha política na Câmara. E uma forma de “enquadrar” o seu mandato, que representaria uma nova cultura política na Casa, com o protagonismo das periferias. Segundo Freitas, suas críticas ao projeto do prefeito que inicialmente previa multa para distribuição de comida também teriam incomodado os parlamentares. Entre os vereadores que assinaram o pedido de regime de urgência para o projeto estão Ezequias Barros e Osias Moraes.
Em fevereiro, ao defender o internamento de adolescentes em comunidades terapêuticas religiosas, Barros acusou o PT de apostar no “quanto pior melhor” Ao respondê-lo, Freitas defendeu que, mais importante do que financiar essas comunidades com o dinheiro público, é investir em políticas de fortalecimento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), ligados ao SUS, com tratamento de bases científicas e laicas.