SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A decisão de Juan Lopetegui de aceitar ser técnico do Real Madrid pouco antes da Copa do Mundo pode ser tornar uma das mais desastradas da história recente do futebol. 

Por causa disso, ele foi demitido da seleção espanhola dois dias antes da estreia no torneio da Rússia. Para os dirigentes da federação do país, foi uma traição. Até então, a seleção era uma das favoritas ao título. Acabou eliminada nas oitavas de final.

Quatro meses depois, Lopetegui corre sério risco de demissão no Real Madrid. A cereja do bolo foi a goleada por 5 a 1 sofrida no clássico para o Barcelona neste domingo (28), no Camp Nou. O problema não foi apenas o placar, mas também a facilidade que o time catalão encontrou para vencer. O rival da capital não apareceu para jogar a não ser por 20 minutos no início do segundo tempo. 

É a maior goleada aplicada pelo Barcelona no clássico, em casa, desde os 5 a 0 de 1994, no que ficou conhecido como "a noite de Romário". O brasileiro anotou três gols. 

Sem Lionel Messi, lesionado no ombro e fora por três semanas, quem brilhou foi o uruguaio Luis Suárez. Ele fez três gols. Philippe Coutinho e Arturo Vidal também marcaram. Marcelo descontou para o Real Madrid. 

Após dez rodadas, o time da capital está na 9ª colocação do Campeonato Espanhol. Nas últimas sete partidas, o atual tricampeão europeu venceu apenas uma, por 2 a 1, sobre o Viktoria Plzen (TCH) pela Champions League. Com 15 pontos, está a sete do líder Barcelona (22), que vê o Atlético de Madrid (19 pontos) como o maior rival pelo título nacional. 

O Barcelona encontrou facilidade para jogar nos primeiros 45 minutos mesmo sem a presença de Messi em campo. Ele assistiu o jogo das cadeiras com o filho Mateo no colo.

O problema é que o Real Madrid tem dificuldade para fazer gols sem Cristiano Ronaldo, vendido para a Juventus (ITA). No Espanhol, a equipe fez 14. O português é o maior artilheiro da história do clube, com 451 gols.

Com os avanços de Philippe Coutinho pela esquerda e as entradas de Jordi Alba como surpresa pelo meio, o Real Madrid tinha dificuldade de marcação. O Barcelona anotou dois gols na etapa inicial, mas poderia ter feito mais.

No intervalo, Lopetegui tirou um zagueiro (Varane) para colocar o meia-atacante  Lucas Vázquez. A substituição deu certo e o Real Madrid tomou a iniciativa em campo pela primeira vez. Conseguiu um gol com Marcelo e poderia ter empatado se o francês Benzema tivesse acertado o alvo em uma cabeçada na pequena área. 

Mas mesmo com a reação do rival, o Barcelona era perigoso no contra-ataque e desperdiçou grandes chances para ampliar, acertou a trave, até que Luis Suárez resolveu a partida com mais dois gols. Arturo Vidal fechou a goleada.  

Após o quinto, a torcida da casa começou a cantar a sua versão para o samba "Pega no ganzê", samba-enredo do Salgueiro no carnaval de 1971. Vários mostravam a mão espalmada para as câmeras de TV, sinal dos cinco gols anotados.

A imagem da desolação do Real Madrid foi o galês Gareth Bale que, na teoria, deveria preencher o vácuo deixado por Cristiano Ronaldo. Apagado em campo, foi substituído por Asensio a 15 minutos do fim.