Biquini Cavadu00e3o prepara um show revisitando antigos sucessos

O rock nacional já passou por mil e uma transformações nos últimos 50 anos. Mas poucos movimentos foram tão marcantes quanto a ascensão de jovens grupos do gênero, na década de 80. Toda a garra, talento e indignação dos jovens brasileiros teve uma representação exata e poderosa através das bandas da época, no que muitos chamam  erroneamente de “a década perdida”.
O Biquini Cavadão, que toca amanhã, no palco do Teatro Positivo, continua a ser uma das bandas mais ativas do estilo. Comemorando 33 anos de existência, o grupo prepara um show revisitando antigos sucessos, mas com foco também em algumas novidades. E foi exatamente a ideia do novo que norteou o papo do vocalista  Bruno Gouveia, com o Bem Paraná, conforme você confere na entrevista a seguir.

Bem Paraná — O Biquini Cavadão está comemorando 33 anos de estrada. Depois de tanto tempo em atividade, o que continua a ser o maior desafio enfrentado pela banda?
Bruno Gouveia —
Sem dúvida, é a criação do próximo show. Nós sempre trabalhamos com a ideia de fazer de nossa próxima turnê, a melhor. Acho que é isso que move todos da banda, e que acaba sendo esse desafio. Por exemplo, nosso último álbum, “As voltas que o mundo dá”, nos possibilitou nosso primeiro encontro com o produtor Liminha. No final, tudo isso acaba sempre valendo a pena, é o que nos move. 

BP — A banda surgiu em um momento importante de reafirmação e redescoberta do rock nacional. Hoje em dia, o gênero está misturado com vários outros ritmos, o que gera discussões a respeito do futuro do estilo musical. Como o Biquini enxerga essa diversidade de opções para o público?
Gouveia —
O espaço que o rock brasileiro dos anos 80 teve na mídia, foi basicamente o mesmo que o sertanejo e o funk possuem nos dias atuais. Então, nós enxergamos essa mistura como uma junção de possibilidades. Nós temos que ser abertos, entender e respeitar o espaço dos outros. É o correto, e o que achamos justo.

BP — Dentre os novos artistas que dominam o cenário musical, existe algum nome que vocês admiram, ou até mesmo, já chegaram a conversar sobre uma possível parceria?
Gouveia —
Não temos nada concreto em vista. Nós achamos muitos artistas interessantes. Eu, particularmente, gosto bastante do trabalho do duo AnaVitória, acho ótimo o som que elas fazem. O Biquini realizou parcerias interessantes, tanto com artistas nacionais e com internacionais (Radio Café e Beth Hart, entre eles) e que dialogavam com o nosso som, e tivemos a participação do Matheus e Kauan, em um show do Biquini. 

BP — O Biquini está preparando um novo álbum, a ser lançado no segundo semestre, homenageando a obra do Herbert Vianna. Como surgiu a ideia da homenagem? O que você pode falar pra gente sobre esse novo trabalho?
Gouveia —
Nossa relação com o Herbert é muito especial, a começar pelo nome da banda, que foi dado por ele. Além disso, ele tocou guitarra no nosso primeiro single. Ele é fantástico, uma inspiração para todos do grupo, e nossa relação com ele sempre foi ótima. Quisemos homenageá-lo, por considerar a obra dele essencial pra música no país, mas o álbum não vai ser apenas uma simples homenagem, ele foi construído de maneira a, também, falar do Herbert como artista e pessoa. Entramos na segunda (21) em estúdio, e temos a previsão de contar com, pelo menos, 8 músicas. 

BP — Voltando à discussão sobre a importância do rock. Principalmente na década de 80, ele foi um catalisador de conscientização social e de mudanças na sociedade. Em sua opinião, o gênero permanece com essa força, ou sofreu alterações nos últimos tempos?
Gouveia —
Na verdade o público, hoje em dia, não tem interesse de saber disso, de discutir política e problemas sociais através da música. Eles querem diversão, lazer, as músicas que estão atualmente nas paradas mostram isso. Há muitos anos, a música virou puro entretenimento, sem muita existência de músicas politizadas. Um exemplo dessa abordagem política foi o álbum Nheengatu, dos Titãs, que a meu ver, não fica nada a dever ao maior clássico deles, o Cabeça Dinossauro, mas foi acusado, por alguns, de ser uma obra neo-liberal, e foi atacado por alguns, por causa da sua abordagem política. Não acredito também que exista essa obrigação de discutir as mazelas, temos o Los Hermanos aí pra comprovar isso, com belas letras e poesia, sem falar de nada especificamente sóciopolítico. 

BP — Curitiba foi, por muito tempo, considerada uma das cidades mais roqueiras do país. Como é a relação do Biquini com o público e os músicos da cidade?
Gouveia —
Tivemos pouco contato com a cena musical curitibana, mas conhecemos bem o público curitibano desde os anos 80 e tivemos ótimas experiências, com destaque para a década de 90, com ótimos shows que fizemos em locais como o AeroAnta. Sempre colocamos Curitiba nas nossas turnês, em parte por essas grandes lembranças.

BP — Quais novidades vocês estão preparando para esse show? Pode rolar alguma prévia do disco novo no repertório?
Gouveia —
Do disco novo, ainda não, pelo fato de entrarmos em estúdio apenas na segunda, então não temos nada pronto nesse aspecto. O foco é nos sucessos antigos e atuais. Devemos resgatar músicas que tocamos pouco nesses anos, mas ainda não decidimos exatamente quais.

SERVIÇO
Biquini Cavadão
Quando: Amanhã, às 21 horas
Onde: Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300) 
Quanto:  variam de R$60,00 (meia-entrada) a R$200,00 (inteira), de acordo com o setor.  No Disk Ingressos 
Informações p/ o público: (41) 33150808 / 33173283 / www.maisumadaprime.com.br