Agência Brasil

RAMLA, ISRAEL (FOLHAPRESS) – O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PSL), participou nesta segunda-feira (1º) de uma homenagem à equipe de salvamento israelense que ajudou no resgate das vítimas da tragédia de Brumadinho, em janeiro. 

O presidente, que fica até quarta (3) em Israel, entregou ao grupo a Insígnia da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais importante condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros.  

Bolsonaro começou a agenda desta segunda fazendo uma visita a Unidade de Contraterrorismo da Polícia israelense e depois seguiu para a base da Brigada de Busca e Salvamento do Comando da Frente Interna de Israel, onde entregou a insígnia aos agentes que ajudaram em Brumadinho. 

No local, o brasileiro assistiu um filme de seis minutos sobre a atividade da unidade de salvamento israelense. Ele fica até quarta (3) em Israel. 

A missão israelense contou com mais de 130 integrantes, incluindo militares da ativa e da reserva, bombeiros e socorristas. Até o momento, as autoridades brasileiras contabilizam 216 mortos e 89 desaparecidos em decorrência da tragédia.

“Não sei como definir o sucesso de uma ação em que o resultado foi estipulado minutos depois da tragédia. Mas sei que Israel não mediu esforço para tentar salvar vidas”, disse Tamir Yadai, que lidera o Comando da Frente Interna de Israel.

“Quero agradecer o convite para fazer parte dos esforços e através do senhor, agradecer aos grupos brasileiros, que trabalharam com afinco e de maneira admirável e as forças do exército, que nos ajudaram no salvamento e à comunidade local, que nos receber calorosamente”, afirmou ele. 

“‘Toda rabá’ (obrigado, em hebraico)”, disse o presidente brasileiro antes da entrega da insígnia ao grupo. 

Bolsonaro afirmou que em 1985, quando era capitão do Exército, também participou do resgate de corpos. Na ocasião, disse ele, um ônibus caiu em um rio e 15 pessoas morreram afogadas. A água era barrenta, sem nenhuma visibilidade.

“Eu estava de férias, mas me voluntariei a participar do resgate dos corpos”, afirmou Bolsonaro.

“Confesso que meu coração batia muito forte a cada descida. Perguntei ao bombeiro que estava ao meu lado se o risco que estávamos correndo a cada descida qual era a compensação, já que era zero a chance de encontrar alguém vivo no fundo da lagoa. Ele me respondeu que estávamos fazendo aquele trabalho com objetivo de proporcionar um certo conforto aos familiares”, disse ele. 

O presidente afirmou que vê da mesma forma o trabalho dos israelenses em Brumadinho: “O trabalho de vocês fui muito semelhante àquele humildemente prestado por mim no passado. Confortar os familiares ao encontrar um ente que havia perdido a vida. O trabalho dos senhores foi excepcional e fez com que os laços de amizade entre nós se fortalecesse. Nós, brasileiros nunca esqueceremos o apoio humanitário por parte de todos vocês. Toda rabá”.

O comandante Yadai disse que nos próximos meses será finalizado em connunto com as equipes brasileiras uma análise do processo de resgate. 

Brumadinho foi a 21ª missão da unidade israelense desde 1982, mas os oficiais do grupo afirmaram que nunca tinham visto nada parecido. 

Nesta segunda-feira, Bolsonaro só tem mais um compromisso público. Ele vai ao Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrado para os judeus, mas que fica na parte Oriental de Jerusalém -região que também é reivindicada pelos palestinos. 

Na visita, ele será acompanhado pelo primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, algo raro. Por causa da disputa pelo local, autoridades estrangeiras costumam fazer visitas apenas visitas classificadas como privadas ao local, sem acompanhamento da diplomacia israelense.

O brasileiro ainda participará em um almoço nesta segunda, mas o evento será fechado. 

Bolsonaro chegou a Israel neste domingo (31) e foi recebido ainda no aeroporto por Netanyahu, gesto raro que o primeiro-ministro israelense ofereceu a apenas outros quatro chefes de Estado em dez anos.

Mas a recepção amistosa não mudou o que vinha se desenhando há semanas: Bolsonaro não cumpriu a promessa da campanha presidencial de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, movimento que impulsionaria Netanyahu a nove dias das eleições que vão definir o futuro do líder israelense.

Segundo as pesquisas mais recentes, o atual premiê disputa o comando do Parlamento com a sigla centrista  Azul e Branco.