BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O general Joaquim Silva e Luna, que foi ministro da Defesa durante o governo Michel Temer (MDB), será o diretor-geral de Itaipu Binacional, hidrelétrica que pertence ao Brasil e ao Paraguai e responde por 15% da energia consumida pelos brasileiros.


O convite foi feito por Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (17) e, segundo assessores do presidente, o general aceitou.


Silva e Luna terá a missão de fazer uma faxina nas indicações de cunho político que perduram na companhia, desde a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


O loteamento na companhia se agravou principalmente durante a gestão de Temer, que usou a nomeação de cargos de assessores na empresa como moeda de troca com partidos do Congresso Nacional.


Antes de deixar o cargo, Temer ainda indicou o ex-ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, para fazer parte do conselho de administração da empresa –o que poderia ser revertido apenas pelo presidente.


A nova fase da gestão brasileira de Itaipu promete mudanças drásticas.


Uma das ideias é reduzir o volume de royalties às cidades do Paraná, onde está instalada a usina. Esses repasses são feitos por todas as hidrelétricas do Brasil, mas o valor pago por Itaipu é três vezes maior do que o pagamento pelas demais.


Essa revisão deverá representar uma briga grande com os governos dos 16 municípios beneficiados, assim como o do estado do Paraná, que também recebe recursos.


Além disso, a redução poderá provocar um conflito com o próprio Paraguai, que tem direito a metade dos royalties e que tampouco tem interesse em diminuir esse valor.


A principal missão de Silva e Luna, porém, deverá ser a renegociação com o Paraguai dos termos financeiros do Tratado de Itaipu, que deverá ocorrer até 2023.


Ele deverá fazer uma avaliação sobre o que fazer com a receita da usina a partir de 2023, quando a dívida contraída para a construção da usina será totalmente paga.


Hoje, cerca de US$ 2 bilhões das receitas de Itaipu são usados para pagar esse financiamento. Esse valor corresponde a cerca de 60% da receita total da empresa e da tarifa paga pelos consumidores.


A experiência internacional de Luna e Silva, que participou da Missão Militar Brasileira de Instrução no Paraguai, deverá ajudar o novo diretor-geral na negociação, segundo Luiz Fernando Vianna, que ocupou o cargo entre 2017 e 2018 e que hoje comanda a gestora Delta Energia Asset Management.


“Ele possui todas as competências para o cargo, com formação em engenharia, para fazer frente aos desafios técnicos, e habilidade política, para conduzir as questões regionais”, diz ele.