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PC do B, PCB, PCO, PMN, PMB, PMDB, MDB, PSB, PSC, PSD, PSDB, PSDC, PT, PT do B, PTB, PTC, PTN, PEN, PRB, PRP, PR, PP…

A sopa de letrinhas da política brasileira deu uma boa engrossada nas últimas décadas.

E a prova disso é que o número de partidos ativos no país cresceu 34,6% desde 2002, saltando de 26 para 35 neste ano. Nesse mesmo período, nove siglas foram extintas ou mudaram de nome, enquanto outras 18 ganharam vida – cinco disputarão em 2018 suas primeiras eleições (AVANTE, DC, MDB, PATRI E PODE) e outra (PEN) já até abandonou a designação de fundação, assumindo outro epíteto (PATRI).

Com a constelação partidária se parecendo cada vez mais com um abecedário, fica até difícil para o eleitor acompanhar tantas mudanças. E por isso o Bem Paraná preparou uma pequena série de três reportagens, apresentando todas as siglas que nasceram, faleceram ou simplesmente mudaram de nome nos últimos 17 anos, período no qual o Brasil teve um total de (pasmem!) 44 partidos. E o número pode aumentar em breve, uma vez que há outras 73 siglas em processo de formação, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)…

Abaixo, você confere uma linha do tempo que apresenta a “vida e morte” (nada severina) dos partidos políticos brasileiros. As linhas em vermelho são referentes aos períodos de inatividade ou anteriores ao surgimento de cada uma das siglas. Já as células de verde indicam o período de atividade de cada uma das instituições, sendo que aquelas atualmente em funcionamento aparecem sobre o fundo no verde na coluna referente ao ano de 2018.

Seção R.I.P.
(os partidos que já não existem mais ou trocaram de nome)

Partido dos Aposentados da Nação (PAN)

Período de atividade: 1995-2007

Número eleitoral: 26

 

Fundada em 1995 e registrada junto ao TSE em 1998, a sigla surgiu com o intuito de defender a classe dos aposentados e acabou marcando época graças ao bordão de seu presidente, Osmar Lins, que gritava na propaganda eleitoral: "Não precisamos de reforma política. Precisamos de reforma moral e de caráter nacional. Reforma nos caras de pau. Peroba neles!" (assista a essa raridade AQUI).

Chegou a lançar em 1998 João Olivar Farias como candidato à Presidência da República, mas acabaria por desistir da candidatura própria para apoiar Ciro Gomes, então membro do PPS. Em 2006, participou de sua última eleição e foi incorporado ao PTB devido a uma cláusula de barreira que limitava o funcionamento de partidos com menos de 5% dos votos nacionais – a regra, contudo, viria a ser considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na época, O PTB obteve 4,72% dos votos para deputado e o PAN, 0,28%. A fusão chegou a ser questionada na Justiça, em 2007, mas não foi desfeita.

Partido da Frente Liberal (PFL)

Período de atividade: 1985-2007
Número eleitoral: 25

 

Fundado em 1986, o PFL surgiu a partir de uma dissidência dentro do Partido Democrático Social (PDS), herdeiro e sucessor da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), o partido responsável por dar sustentação política à ditadura militar. Ainda em 1984, no dia 5 de julho, o vice-presidente da República, Aureliano Chaves, ao lado dos senadores José Sarney, Marco Maciel e Jorge Bornhausen, do PDS, lançam o Manifesto da Frente Liberal, propondo "um governo de conciliação nacional". Era a manifestação de um racha no partido do governo, o que acabaria por viabilizar um acordo com o PMDB para eleger presidente o então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral.

Com a criação oficializada logo após a vitória do mineiro, integrou por anos a base governista. Isso até a ascensão do PT, em 2003. Como integrante da oposição, acabou perdendo políticos para legendas aliadas ao partido Lula e perdeu força na região nordeste, reduto tradicional pefelista. Em 2007, então, a legenda é refundada com o nome de Democratas (DEM), a fim de tentar dar uma nova imagem e identidade ao partido, de forma a reposicioná-lo no mercado político eleitoral brasileiro.

Partido Liberal (PL)

Período de atividade: 1985-2006
Número eleitoral: 22

 

Se o PFL surgiu a partir de uma dissidência do PDS, o PL viria a surgir em 1985 a partir de um racha dentro do recém-criado Partido da Frente Liberal, articulado pelo então deputado federal Alvaro Valle (RJ), que se revoltou com o fato de o partido não realizar prévias para a escolha do candidato a prefeito do Rio de Janeiro, impondo a candidatura de Rubem Medina nas eleições daquele ano.

Além de Valle, que liderou o partido até sua morte, em 2000, o PL também teve em seus quadros nomes como Valdemar Costa Neto, sucessor do político carioca no comando da sigla, os senadores Magno Malta e Marcelo Crivella, sobrinho do bispo Edir Macedo e hoje prefeito do Rio. Mas seu maior nome foi José de Alencar, vice-presidente da República nos dois governos Lula.

Para atingir a cláusula de barreira de 5% dos votos válidos estabelecidos pela Lei Eleitoral 9.096/1995, o PL fundiu-se com o Prona em outubro de 2006, quando surgiu o Partido da República (PR).

Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA)

Período de atividade: 1989-2006
Número eleitoral: 56

Fundado pelo médico cardiologista Enéas Carneiro, que foi também o primeiro presidente da legenda, o partido ficou famoso por conta de suas propagandas partidárias no horário eleitoral gratuito, com direito ao uso da Quinta Sinfonia de Beethoven como trilha sonora. O grande destaque da legenda, inclusive, era o próprio Enéas, que foi candidato a presidente em 1989, 1994 e 1998. Em suas aparições na tevê, apresentava uma aparência rudimentar e excêntrica, expressando-se de forma contundente e declarando aos brados: "Meu nome é Enéas! 56!"

O discurso do candidato do PRONA era marcado por uma retórica agressiva contra os “políticos profissionais” e enfatizava a necessidade de se restabelecer a ordem na sociedade. Contudo, o partido acabou deixando de existir em 26 26 de Outubro de 2006, quando foi anunciada a fusão do PRONA com o Partido Liberal (PL). A partir daí surgiria uma nova legenda: o Partido da República. A fusão foi motivada pela tentativa de escapar às exigências da chamada cláusula de barreira, fixada pela legislação eleitoral, que seria posta em prática após confirmados os resultados das eleições daquele ano, e que praticamente inviabilizaria a existência de partidos relativamente pequenos, como o PRONA.

Partido Social Democrata Cristão (PSDC)

Período de atividade: 1995-2017
Número eleitoral: 27

A exemplo do PFL (que virou DEM), o PSDC simplesmente trocou de nome no último ano, transformando-se no Democracia Cristã (DC), seguindo a tendência de não apenas mudar o nome, mas tirar o "P", de partido, para se distanciar desse conceito.

Na prática, porém, as lideranças do partido são as mesmas ainda hoje. Tanto que o maior nome da legenda ainda é José Maria Eymael. Fundador do PSDC e primeiro presidente do DC, Eymael foi candidato à Presidência da República por quatro vezes, em 1998, 2006, 2010 e 2014. Mas nunca coneguiu mais do que 0,25% dos votos válidos.

Partido Trabalhista do Brasil (PT do B)

Período de atividade: 1989-2017
Número eleitoral: 70

Outro partido que simplesmente trocou de nome por um "slogan" (Avante) e de ideologia por uma "marca", com o objetivo de distanciar-se da palavra "partido" e apresentar palavras de ordem na tentativa de corresponder aos anseios da população e renovar a marca da legenda.

Partido Trabalhista Nacional (PTN)

Período de atividade: 1997-2017
Número eleitoral: 19

Pois é, mudar o nome do partido por um slogan virou moda nos últimos anos… E o Partido Trabalhista Nacional (PTN) seguiu a tendência, adotando o nome de um partido espanhol (que, em verdade, nada tem a ver com o Podemos brasileiro). Uma prova disso é que a versão tupiniquim logo atraiu conhecidos caciques da política brasileira, como o Senador Álvaro Dias, que se filiou à renovada legenda para disputar as eleições presidenciais deste ano. Além disso, o partido segue sendo comandado pela família Abreu (José Masci de Abreu, Dorival de Abreu e Renata Abreu, esta a atual presidente do Podemos).

Partido Ecológico Nacional (PEN)
 

Período de atividade: 2011-2018
Número eleitoral: 51

 

Um dos “caçulas” da política brasileira. E outro que trocou de nome na tentativa de sobrevivência eleitoral (e está até fazendo algum sucesso nos debates entre presidenciáveis devido à excentricidade de seu candidato, o Cabo Dacíolo).

Fundado e presidido por Adilson Barroso, a legenda mantém estreitas ligações com a Assembleia de Deus – embora aceite filiados de todos os credos. Recentemente, acabou ganhando as manchetes de todo o país após impetrar, em 2016, uma ação no STF contra a prisão em segunda instância. Além disso, também esteve perto de atrair o presidenciável Jair Bolsonaro recentemente, mas em janeiro deste ano o deputado federal optou por filiar-se ao PSL. Ainda assim, conta em seus quadros com outras figuras excêntricas da fauna política brasileira, como o cirurgião plástico Dr. Rey, filiado á sigla desde 2014 e que chegou a se lançar como pré-candidato à Presidência da República.
 

Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB)

Período de atividade: 1980-2017
Número eleitoral: 15

Um dos mais tradicionais partidos políticos brasileiros, esteve presente em todos os governos no pós-redemocratização. Foi o último dos partidos a demonstrar intenção de trocar de sigla. Segundo o então presidente do partido, Romero Jucá (RR), o partido precisaria usar o nome que levava na ditadura militar (Movimento Democrático Brasileiro, MDB) para poder "ganhar as ruas". Isso ocorreu principalmente por conta do desgaste provocado pelo impeachment de Dilma Rousseff (até hoje uma grande parcela da população vê a decisão do Legislativo como um golpe de Estado que levou à ascensão do emedebsta Michel Temer e de uma pauta que jamais seria vencedora nas urnas) e dos diversos escândalos de corrupção (o próprio Temer, por exemplo, acabou se tornando o primeiro presidente da República denunciado por corrupção quando ainda no exercício do cargo. Sem contar ainda o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima e seu bunker com R$ 51 milhões em espécie…