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LONDRES, REINO UNIDO (UOL/FOLHAPRESS) – O piloto brasileiro Igor Fraga, 20, ganhou um campeonato de gamers na semana passada e carimbou seu passaporte para entrar em uma das equipes mais tradicionais da Fórmula 1. Como? Vencendo uma competição de simuladores na McLaren.

Trata-se do Shadow Project, continuação do que começou como o “Piloto Mais Rápido do Mundo”, que a equipe britânica promoveu em 2017 e que tirou o holandês Rudy van Buren de seu trabalho em uma loja para ajudar Fernando Alonso e Stoffel Vandoorne no simulador da equipe durante a temporada.

Mas Igor Fraga quer voar mais alto que van Buren que, mesmo com disputa da Corrida dos Campeões no ano passado e experiência em kart no currículo, sempre afirmou que queria se profissionalizar como piloto virtual, até em função de sua altura —ele passa dos 1,90 m.

O brasileiro, que correu em 2017 na F-3 Brasileira e na USF2000 em 2018, ou seja, não é apenas piloto virtual, acredita que a vitória no Shadow Project seja uma porta de entrada para o automobilismo europeu.

“Sinto que estou chegando perto do meu sonho. Isso significa muito para mim e vou continuar fazendo o que tenho feito para tentar chegar mais longe, essa é minha meta. Acredito que a cena dos e-sports está crescendo muito e pode ser uma nova porta de entrada para o automobilismo de verdade. Há alguns pilotos que têm a experiência nos e-sports e na vida real, então acho que pode ser uma ponte para mim.”

Fraga contou que começou no automobilismo primeiro pelos simuladores e só depois foi para a pista. “Eu tinha três anos e meu pai estava planejando me colocar no kart, mas eu era pequeno demais e ele queria que eu tivesse uma base, então comprou o Gran Turismo 3, volante e pedais para eu começar.”

Como prêmio pela vitória, o brasileiro entra automaticamente para o time da McLaren no campeonato oficial de e-sports da F-1, além de passar a usar o simulador do time inglês e estar dentro da equipe durante as corridas.

A final incluiu quatro dias de competição com corridas no simulador, testes físicos e psicológicos, além de pilotar, na pista, uma McLaren GT4.

Fraga, que já tinha representado o Brasil na final do campeonato de e-sports da Fórmula 1, ganhou com tranquilidade, batendo Nuno Pinto e Miguel Ballester na última etapa, disputada no circuito de Sebring, pilotando a McLaren 720S GT3s no rFactor 2.

Ele entrou como um dos favoritos na competição, tendo sido campeão em outra disputa da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), a Gran Turismo Sport Nations Cup. No total, mais de 500 mil pessoas se inscreveram na competição.

Há três motivos principais para a McLaren apostar neste tipo de competição: encontrar pilotos virtuais que possam ajudar no simulador da equipe e no desenvolvimento de seu carro, renovar sua base de fãs e, como explicou Ben Payne, chefe da divisão de e-sports da equipe, encontrar talentos para as pistas.

“Ao contrário de outros gêneros, a transferência de habilidades entre o automobilismo virtual e o real é direta e profunda, e Igor mostra habilidade em ambos. Estamos animados em recebê-lo em nossa equipe e ver como ele se desenvolve. As oportunidades são infinitas”, destacou Payne.