Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Vice de Dilma Rousseff em seus dois mandatos e sucessor da petista na Presidência da República após o impeachment, Michel Temer (MDB) por pouco não engrossou a lista de presidentes que acabaram afastados do cargo no pós-redemocratização.

Em duas ocasiões, o destino do emedebista esteve nas mãos dos deputados federais. Na primeira delas, em 2 de agosto do ano passado, a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) era de corrupção passiva. Coube, então, à Câmara dos Deputados autorizar o Supremo Tribunal Federal (STF) a julgar o caso (o que resultaria no afastamento do presidente) ou então rejeitar a denúncia, adiando o andamento do processo contra Temer para depois do fim do mandato presidencial.

A sessão de votação, que durou cerca de oito horas, teve 263 votos favoráveis e 227 contrários ao parecer do deputado Paulo Abi-Achel (PSDB-MG), que recomendava o arquivamento da acusação. Foram ainda contabilizadas 19 ausências e duas abstenções.

Se à época do impeachment de Dilma a maioria dos deputados invocou "Deus" e a "família" para votar em favor do afastamento, desta vez o argumento para salvar Temer foi a "economia", com muitos deputados citando as reformas implementadas pelo governo emedebista, a retomada do crescimento e a redução do desemprego.

Já a segunda denúncia contra Temer foi derrubada pelos deputados em 25 de outubro do ano passado. Desta vez, a acusação apresentada pela PGR era de obstrução da Justiça e organização criminosa. E a vitória do governo registrou um placar mais apertado, com 251 votos favoráveis a Temer e 233 contrários. Ou seja, Temer não conseguiu nem a maioria simples (257 dos 513 deputados), o que já indicava dificuldade para o governo tocar a agenda de reformas, como a da Previdência.

O que diziam as denúncias

A primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, tinha como base a acusação de que o presidente seria o destinatário de uma mala com R$ 500 mil repassados pel J&F para o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), seu ex-assessor. O caso marcou também a primeira vez em que um presidente da República foi acusado formalmente por um crime comum no exercício do cargo.

Já a acusação de obstrução da Justiça apontava que o presidente teria tentado impedir as investigações da Operação Lava Jato, utilizando de maneira "desvirtuada" as funções e prerrogativas do Poder Legislativo, assim como teria tentado cooptar membros do Poder Judiciário com o intuito de desestruturar, "por vingança e precaução", futuras atuações do Ministério Público, articulando, por exemplo, a aprovação da lei de abuso de autoridade.

Com relação à denúncia de organização criminosa, Rodrigo Janot, então Procurador-Geral da República, alegava que Temer, Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima, Rocha Loures, Eliseu Padilha e Moreira Franco, todos integrantes do PMDB, teriam formado um núcleo político para cometer crimes contra empresas e órgãos públicos, lucrando mais de R$ 587 milhões em propina.

Dados completos podem ser baixados no 4shared

Clicando AQUI, você será redirecionado para uma página do 4shared, onde poderá fazer o download da planilha preparada pelo Bem Paraná que apresenta a votação completa de cada uma das denúncias contra Temer. Com o material, é possível verificar como votou cada um dos deputados federais, filtrando ainda a busca pelo nome do deputado, partido e estado do político.

Abaixo, você pode conferir como votou cada partido e cada deputado paranaense.

IMPORTANTE: Em cada uma das denúncias, o voto “sim” ou “não” faz referência à aprovação ou contrariedade em relação ao relatório apresentado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Na primeira denúncia, o relatório foi de autoria do deputado Abi-ackel (PSDB-MG), que recomendava a rejeição da denúncia apresentada pela PGR. Na segunda, o relator da denúncia foi o deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que também recomendou a rejeição da denúncia.
 

VOTAÇÃO DA PRIMEIRA DENÚNCIA CONTRA TEMER

→ Votação por partido na Câmara

Sigla do Partido

Sim

Não

Abstenção/Ausência

DEM

23

6

1

PCdoB

0

10

0

PDT

1

17

0

PEN

3

0

0

PHS

1

6

0

PMB

0

1

0

PMDB*

53

6

4

PODE

9

5

0

PP

37

7

3

PPS

1

9

0

PR

28

9

3

PRB

13

5

1

PROS

2

2

0

PSB

11

22

2

PSC

5

4

1

PSD

22

14

2

PSDB

22

21

4

PSL

3

0

0

PSOL

0

6

0

PT

0

58

0

PTB

15

2

1

PTdoB

1

2

0

PV

3

4

0

REDE

0

4

0

SDD

8

6

0

TOTAL

263

227

22

* Eduardo Cunha, presidente da Câmara, não participou da votação, seguindo o que determina o artigo 17 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados: “O Presidente não poderá, senão na qualidade de membro da Mesa, oferecer proposição, nem votar, em Plenário, exceto no caso de escrutínio secreto ou para desempatar o resultado de votação ostensiva.“

Como votaram os deputados federais pelo Paraná

Nome do deputado (Partido): Como votou
Alex Canziani (PTB): SIM

Alfredo Kaefer (PSL): SIM

Aliel Machado (REDE): NÃO

Assis do Couto (PDT): NÃO

Christiane de Souza Yared (PR): NÃO

Delegado Francischini (SDD): NÃO

Diego Garcia (PHS): NÃO

Dilceu Sperafico (PP): SIM

Edmar Arruda (PSD): SIM

Ênio Verri (PT): NÃO

Evandro Roman (PSD): SIM

Giacobo (PR): SIM

Hermes Parcianello (PMDB): SIM

Joã Arruda (PMDB): SIM

Leandre (PV): NÃO

Leopoldo Meyer (PSB): NÃO

Luciano Ducci (PSB): AUSENTE

Luiz Carlos Hauly (PSDB): SIM

Luiz Nishimori (PR): SIM

Nelson Meurer (PP): SIM

Nelson Padovani (PSDB): SIM

Osmar Bertoldi (DEM): SIM

Osmar Serraglio (PMDB): AUSENTE

Reinhold Stephanes (PSD): AUSENTE

Rubens Bueno (PPS): NÃO

Sandro Alex (PSD): NÃO

Sergio Souza (PMDB): SIM

Takayama (PSC): SIM

Toninho Wandscheer (PROS): SIM

Zeca Dirceu (PT): NÃO