O ministro de Infraestrutura, Tarcísio Bento de Freitas, se reuniu ontem com caminhoneiros autônomos que apoiaram a realização de greve no dia 29 de abril, após o último reajuste do diesel. Estavam presentes os presidentes das CNTA (Confederação Nacional de Transportadores Autônomos), Diumar Bueno, e da Abcam (Associação Brasileira de Caminhoneiros), presidentes dos sindicatos estaduais e profissionais que representam grupos ou têm influência sobre a categoria.
De acordo com Wanderlei Alves (Dedéco), caminhoneiro de Curitiba, ficou decidido que as entidades representativas dos caminhoneiros vão fiscalizar e enviar relatórios para o governo e ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) com denúncias das empresas e motoristas que não cumprirem o preço mínimo do frete. Caberá ao governo aplicar as multas baseado nas denúncias.
A reunião durou quase duas horas.
Caminhoneiros exigiam sair dali com uma medida que passasse a valer imediatamente em relação ao preço do diesel. O ministro afirmou que não existe uma “fada madrinha, que bate com a varinha de condão na Petrobras e sai o óleo diesel. Nós importamos derivados”. Em compensação, eles ouviram de Freitas que a variação do combustível não será mais problema quando os reajustes forem repassados de forma imediata para o piso.
A decisão de chamar representantes de vários estados e caminhoneiros influentes na categoria partiu da CNTA.
A categoria está dividia sobre a representatividade dos líderes que negociam com o governo. Muitos dos caminhoneiros presentes na reunião estão sendo recebido pela primeira vez pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). O governo tem estado próximo do grupo liderado por Wallace Landim, o Chorão, de Catalão (GO). As medidas negociadas por esse grupo não têm agradado a todos os caminhoneiros, que colocam em dúvida a representatividade de Landim.

De acordo com Landim, o grupo rival quer se opor ao governo e representa a união de entidades de classe “desgastadas e com futuro abreviado” e “lideranças avulsas que tentam se erguer e [possuem] as costas quentes de interesses partidários e sindicais”.

Às voltas com a possibilidade de uma nova paralisação, o governo busca acalmar os caminhoneiros e nas últimas semanas vem divulgando benesses para os motoristas.

Em março, o presidente Bolsonaro anunciou um prazo maior (quinzenal) para o reajuste do diesel, a criação de um cartão pré-pago para abastecer nos postos da Petrobras, além de melhoria nas estradas e criação de pontos de descanso.

Na semana passada, o governo afirmou que faria ainda ações para a categoria. Como a abertura de uma linha de crédito de R$ 30 mil para os autônomos e maior rigor para fiscalização do cumprimento do valor do frete.

Críticos a essas medidas afirmam que as medidas não resolvem o problema imediado da categoria que é o alto preço do diesel e a falta de fiscalização.A briga entre os dois grupos de caminhoneiros tem provocado uma série de ameaças, inclusive de morte, por meio de áudios e conversas de WhatsApp.