Valquir Aureliano – Polaco com as camisa de Coritiba

Edson Clayton Walek, o Polaco, tem história nos três maiores clubes do futebol paranaense. Jogou nas categorias de base do Athletico Paranaense e foi campeão no profissional por Paraná Clube e Coritiba nos anos 90.

Teve uma carreira marcada por títulos e lesões. Deixou o futebol cedo, aos 29 anos, no ano 2000. Levou o aprendizado do gramado e dos vestiários para outras profissões. Hoje, aos 49 anos, trabalha como  executivo de soluções, palestrante, coach e mentor esportivo. Para completar, faz um trabalho voluntário com policiais civis que estão presos.

Em entrevista para o Bem Paraná, Polaco falou sobre suas aventuras no futebol e sobre suas novas profissões.

Bem Paraná — Como foi o início no futebol?
Polaco — Meu primeiro contato com um clube de futebol foi em 1984, com 13 anos de idade em uma peneira feita pelo Coritiba, no Jockey Clube, pelo professor Miro. Minha paixão pelo futebol vinha muito antes disso, me lembro de levantar às 5h30 da manhã para chegar mais cedo na escola para jogar futebol. Depois da escola, depois de todas as tarefas de casa feita lá estava eu novamente nos campinhos ou na rua para jogar. A paixão era tanta que dormia com a bola, só para sentir o cheiro do capotão (couro). Passei nos 2 dias de peneiras e fui convidado pelo professor Miro para compor o grupo do Coritiba, mas como meus dois colegas não passaram, acabei não voltando, e sim indo fazer a peneira do Athletico, onde novamente passei, meus amigos também, acabei ficando por 6 meses. O treinador na época era o professor Pernambuco, uma pessoa extraordinária. Ele acabou sendo demitido do Athletico e nos convidou para sair junto com ele, para montar um time pelo seu bairro e disputarmos a competição da época, 1985 (Capão da Imbuia Esporte Clube). Na época tinha bons times, além dos quatro grandes, Coritiba, Athletico, Colorado e Pinheiros, uma competição muito disputada. Fomos vice-campeões chamando a atenção do Colorado, que na minha opinião foram inteligentíssimos, convidando Pernambuco para ser o treinador do infantil. Em 1986 então fomos compor o infantil do Colorado, uma base muito forte onde conquistou vários títulos: infantil em 86 e bicampeão juvenil 87 e 88. Em 1989, já no time de juniores, tive a experiência de disputar o campeonato da segunda divisão pelo Ibaiti. Na volta, já se falava na fusão do Colorado e Pinheiros. Nasceu então o Paraná Clube. Que experiência! Uau!

BP — Como foram seus primeiros passos no Paraná Clube?
Polaco — Depois da fusão, cada categoria tinha mais de 70 atletas e como a ideia deles na época era de ficar com apenas 28 atletas em cada categoria, você deve imaginar como era cada treino… (risos). Em 1990, fomos campeão paranaense de juniores. Em 1991, novamente campeão paranaense de juniores e eu já estava compondo a equipe de profissionais, onde também fomos campeões.

BP — Qual balanço você faz da sua carreira de jogador? O que ficou de positivo para você?
Polaco — Me sinto uma pessoa privilegiada por viver e realizar esse sonho. Um atleta exemplar, vitorioso e próspero, mesmo não indo para os grandes centros e tão pouco monetizando com minha carreira e imagem. Mesmo assim sou grato por tudo que vivi e aprendi dentro do esporte, isso me capacita e me dá autoridade para realizar hoje um trabalho com jovens atletas.

BP — Quais foram seus melhores momentos no futebol?
Polaco — Foram muitos momentos marcantes, muitos jogos decisivos e gols inesquecíveis. Sem sombra de dúvidas ser campeão brasileiro B em 1992 pelo Paraná Clube, minha transferência para o Coritiba em 1994 e o acesso do Coritiba em 1995 fazem parte desse acervo de conquistas memoráveis.

BP — Qual a experiência mais marcante?
Polaco — Entrar pela primeira vez no campo do Couto Pereira como atleta do Coritiba e olhar para a arquibancada onde hoje é o setor da Pró Tork. Me ver lá,1985, ainda garoto, sentado, com os olhos fechados, criando uma visão positiva do futuro, visualizando e declarando que um dia estaria ali dentro como jogador profissional. Anos depois 1994 estava eu lá, não teve como conter as lágrimas de felicidade, de agradecimento ao meu pai por me levar ao estádio na época para assistir os jogos, e agradecer àquele garoto pequeno, franzino que acreditou que era possível, que superou todos os obstáculos e realizou o sonho.

BP — Como foi a decisão de parar de jogar profissionalmente?
Polaco — Difícil…muito difícil, parei com 29 anos, tive 4 lesões com cirurgias em minha carreira, 2 de joelho e 2 de pubalgia, elas não me impossibilitavam de jogar, mas me limitava, não conseguia mais estar em alta performance nos treinos e jogos. Isso me incomodava muito pois sempre gostei de treinar muito forte. As dores constantes foram me desgastando até que decidi parar no ano de 2000.

PERFIL
Nome: Edson Clayton Walek (Polaco)
Redes sociais: @edsonwalek
Idade: 49 anos
Nascimento: 01/05/1971
Naturalidade: Guapirama (Paraná)
Família: pai de Victoria Walek e João Pedro Walek
Profissões atuais: empresário, mentor esportivo, executivo de soluções e palestrante

Resumo da carreira de jogador (meia-atacante):
1991 – Campeão Paranaense (Paraná Clube)
1992 –  Campeão Série B (Paraná Clube)
1993 –  Campeão Paranaense (Paraná Clube)
1994 –  contratado pelo Coritiba
1995 – vice Paranaense e vice da Série B, levando o Coritiba para Série A
1996 – 3º do Paranaense com o  União Bandeirantes
1997 – Campeão Catarinense com o Tubarão
1998 e 1999 –  Malutrom (campeão da 2ª divisão do Paranaense)
2000 – Vila Nova-MG (fim da carreira profissional)

BP — O que tem feito após deixar o futebol profissional?
Polaco — Após minha decisão de parar de jogar, fui convidado por um amigo para trabalhar na empresa dele de compras e vendas de carros. Trabalhei ali por 7 anos e meio, depois disso comecei um negócio próprio na área do bem estar com produtos de nutrição e controle de peso. Negócio que mantenho até hoje, ajudo as pessoas a conquistarem sua melhor forma e viverem um estilo de vida ativo e saudável. Minha outra atividade profissional é na área de desenvolvimento humano. Sou Executivo de Soluções, Palestrante, Coach e Mentor Esportivo. Desenvolvi o método Provi (Programa de Valorização Integral), trabalho realizado nas empresas, escolas e outras organizações através das palestras e seminários. Como mentor esportivo criei e desenvolvi o Clube de Inteligência Emocional para Jovens Atletas (Ciejas), uma plataforma e ferramenta para preparar melhor uma nova geração de atletas de todas as modalidades na área emocional, que é fundamental na carreira. Faço mentoria em grupos e de forma individual, passando para esses jovens toda minha experiência vivida e vencida dentro e fora dos gramados. Tenho um projeto pronto para ser apresentado e executado nas categorias de base de clubes e organizações esportivas. Projeto revolucionário e disruptível.

BP — Como é esse trabalho que você faz com policiais?
Polaco — Acredito que cada um de nós dentro da sua área de atuação, dentro da sua atividade profissional pode sim fazer a diferença e dar sua contribuição sendo e fazendo com excelência aquilo que se propôs a fazer. E, que cada um também pode contribuir com o próximo e com a sociedade através de ações sociais de forma prática. Não só doando valores financeiros, mas principalmente doando o seu tempo e seus conhecimentos profissionais. Há três anos desenvolvo junto à Polícia Civil do Paraná um trabalho de capelania carcerária e desenvolvimento humano para policiais que se encontram reclusos. Capelania: trabalho voltado para fortalecer a fé e relacionamento com Deus, através do compartilhar da palavra, orientação e conselhos na área espiritual. Percebi a necessidade de trabalhar as outras áreas que compõe a vida de um ser humano, pois somos seres integrais e sistêmicos, para fortalecer e transformar a relação pessoal e inter pessoal desses homens que além de profissionais são filhos, pais, esposos e amigos. Um trabalho voltado para o resgate e fortalecimento da figura masculina, do real papel do homem, do relacionamento familiar, do relacionamento com seu criador e principalmente fazer uma boa gestão de suas emoções para superar os desafios do seu momento atual. Somos iguais, não estamos aqui para julgar ninguém, seja quem for. O nosso papel é amar, respeitar e ajudar essas pessoas a resgatar suas identidades e voltarem a viver suas vidas com dignidade. Meu desejo é estender esse trabalho de capelania e desenvolvimento humano também para a Polícia Militar do Paraná, mas não só para os que estão reclusos, e sim para toda a corporação que compõe as polícias civis e militares do Estado do Paraná. Ver os resultados que pela graça de Deus tenho visto na vida desses homens e de suas famílias me fortalece e encoraja a continuar dando minha contribuição pessoal para as mudanças que desejamos ver em nossa sociedade.