Geraldo Bubniak

Político mais rico entre os candidatos à presidência da República, o ex-banqueiro e candidato do Partido Novo ao Palácio do Planalto, João Amoêdo, disse hoje (14) em Curitiba que deve doar do próprio bolso entre 15 e 20% do valor arrecadado pelo partido para a campanha presidencial. Amoêdo declarou ontem (13) no ato do registro da candidatura no Tribunal Superior Eleitoral ter um patrimônio de R$ 425 milhões. Em tese, o patrimônio de Amoêdo permitiria que ele bancasse por inteiro a própria campanha, já que o limite de gastos previsto em lei para o primeiro turno da campanha presidencial é de R$ 70 milhões por candidato.

Apesar disso, o candidato milionário disse que não pretende disponibilizar mais do que 20% do total que o partido arrecadar. A legenda trabalha com a meta de gastar no máximo R$ 7 milhões, ou 10% do teto permitido por lei. "Vai depender muito do que a gente conseguir captar. Eu estou dando já o que custa mais caro, o que a gente nunca tem de volta na vida, que é o tempo. Entendo que qualquer projeto só fará sentido se outras pessoas tiverem interesse em participar", afirma. 

João Amoêdo participa hoje (14) de evento em Curitiba, às 20h , no Teatro Positivo. Ele afirmou em coletiva de imprensa durante a manhã que pretende devolver os recursos do fundo partidário e do fundo eleitoral, por ser contra o uso do dinheiro público em campanha. Ele também é contra a volta da doação empresarial. Para Amoedo, as campanhas deveriam ser financiadas integralmente com dinheiro de doações de pessoas físicas.

"A gente está fazendo um esforço para devolver o fundo partidário. Praticamente R$ 4 milhões depositados na conta, porque a gente recebe todo mês cerca de R$ 100 mil. Nunca utilizamos nenhum tostão desse dinheiro. Vamos receber também agora o fundo eleitoral, se não me engano alguma coisa na ordem de R$ 1 milhão. E a gente gostaria de devolver isso para a Receita. Já fizemos uma consulta, não tivemos ainda autorização, o que é estranho. Alguns partidos usam esse dinheiro para comprar helicóptero e para pagar convenções milionárias e a gente quer devolver o dinheiro para a população e não consegue", reclama. 

Juros

A maior parte do patrimônio do candidato do Novo está distribuída entre aplicações de renda fixa, são R$ 217 milhões. Para Amoedo, que com isso acaba sendo mais bem remunerado com juros altos, a atual política de juros no país está correta. "A política está adequada. A política de juros está segurando a inflação O que não está adequado é a gestão do Estado brasileiro. Eu coloco na renda fixa porque acho que é uma aplicação conservadora. E nos últimos anos com toda dedicação ao projeto do Novo e agora a candidatura e a última coisa que eu tenha tido tempo foi para as finanças pessoais", afirma. 

Outra parte do patrimônio de Amoedo está na participação em empresas, R$ 108 milhões, e investimento em fundos, R$ 55 milhões. O restante inclui imóveis e veículos, além de R$ 1,1 milhão na categoria destinada a joias e obras de arte.

Distância do eleitorado

Questionado sobre a distância da própria realidade com a realidade da maior parte do eleitorado que vive na pobreza, Amoedo disse que as pessoas irão considerar que ele abriu mão de outras possibilidades por um “dever cívico”. 

"O eleitor que está acostumado a ver pessoas gastando muito mais do que tem, declarando patrimônios que não fazem o menor sentido com a qualidade de vida que as pessoas tem, com padrão de vida, e estão vendo uma pessoa que com esse patrimônio poderia ter ido para fora do Brasil e está trabalhando há oito anos para melhorar o Brasil", diz. 

Partido busca representação na Câmara Federal 

O partido Novo abriu mão de lançar candidatos a governos de alguns estados, assembleias legislativas e Senado. A legenda aposta na eleição de uma bancada representativa na Câmara Federal, e expõe a estratégia de superar a cláusula de desempenho.

Com isso, além de poder de negociação na Câmara, o partido poderia se credenciar para receber maior fatia do fundo partidário, ter maior tempo de TV e rádio no programa eleitoral, e participação obrigatória em debates nas próximas eleições. Amoedo cobra das emissoras um convite para que possa participar de debates, já que sem representação do partido na Câmara elas não tem obrigação de convidá-lo.

Aos 55 anos, Amoêdo disputa a primeira eleição e é o primeiro candidato presidencial do Novo. Engenheiro nascido no Rio de Janeiro, ele fez carreira como executivo do mercado financeiro e da construção civil. Nas últimas pesquisas Datafolha e Ibope, feitas em junho, Amoêdo foi mencionado por entrevistados, mas não chegou a 1% das intenções de voto.