O Cardiff City, clube do País de Gales que hoje integra a segunda divisão do futebol da Inglaterra, anunciou nesta quarta-feira que vai apelar à Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) contra uma decisão da Fifa. O time não concorda com a determinação da entidade que o obriga a pagar 6 milhões de euros (cerca de R$ 27,3 milhões) ao Nantes, da França, como primeira parcela da contratação do atacante argentino Emiliano Sala.

O jogador morreu em um acidente aéreo ocorrido em janeiro, quando viajava da França ao País de Gales para se apresentar ao clube britânico. Apesar do fato de o atleta não ter disputado nenhuma partida pela equipe galesa, a Fifa anunciou na última segunda-feira que o Cardiff terá de desembolsar esta quantia referente ao acordo firmado anteriormente com o time francês.

O Nantes havia negociado o jogador por 15 milhões de libras, quase 17 milhões de euros na cotação atual (R$ 77 milhões), e esta decisão confirmada pela entidade máxima do futebol nesta semana havia sido tomada no último dia 25 de setembro pelo Comitê de Status dos Jogadores (PSC, na sigla em inglês), órgão da Fifa que monitora e fiscaliza a situação dos atletas e estabelece a condição legal dos mesmos para várias competições realizadas sob a sua chancela.

A Fifa entrou na intermediação da disputa entre Nantes e Cardiff em fevereiro, quando o clube francês fez reclamação formal contra o não pagamento da primeira parcela da transferência do jogador, que o time galês se recusa a pagar. Em agosto, a entidade se manifestou publicamente cobrando uma conciliação entre os dois clubes, o que não aconteceu. Por isso, o caso foi direcionado ao Comitê de Status dos Jogadores.

Por meio de um comunicado divulgado nesta quarta-feira, o Cardiff disse nesta quarta-feira que está “extremamente decepcionado” pela decisão anunciada pela Fifa, que estabelece também que o clube possa ser responsável por pagamentos subsequentes ao Nantes. Por isso, os galeses resolveram apelar à CAS, que é o máximo tribunal esportivo mundial.

“Parece que o comitê (PSC) chegou a sua conclusão sobre um aspecto limitado da disputa (entre os clubes), sem considerar toda a documentação apresentada pela Cardiff à Fifa”, destacou o time galês, que também defende que “existe evidência clara de que o acordo de transferência nunca foi preenchido com os numerosos requisitos contratuais que foram solicitados pelo Nantes, o que portanto o torna nulo”.

Então integrante da primeira divisão do Campeonato Inglês quando ocorreu a tragédia com Emiliano Sala, o Cardiff também destacou no comunicado desta quarta-feira que “considerações civis e penais, tanto no Reino Unido como no exterior” provavelmente terão também um impacto para definição da validade desta transferência.

O acidente que provocou a morte de Sala e do piloto do avião que o transportava, David Ibbotson, ainda está sendo investigado pelas autoridades. Contratado pelo Cardiff, o jogador de 28 anos viajava de Nantes para se juntar ao seu novo clube quando a aeronave particular que o transportava desapareceu do contato com os radares da ilha de Guernsey, em 21 de janeiro.

O atacante estava no Nantes desde 2015, tendo passado por outros times da França na sua carreira profissional. Naquela que seria a maior transação da sua história, o Cardiff iria adquiri-lo por 15 milhões de libras. Porém, o clube amargou a tragédia e meses depois foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Inglês. O corpo de Sala foi encontrado semanas depois do acidente, junto com destroços do avião. O cadáver de Ibbotson não foi localizado pelas equipes de busca.